domingo, 27 de março de 2011

Sobre o preto e o branco

"Estou intimamente convencido desta certeza: para a mulher a quem a educação não ensinou o bem, mostra Deus, quase sempre, dois caminhos que ao bem conduzem: a dor e o amor. São difíceis de seguir. Aquelas que neles se envolvem, ensanguentam os pés e dilaceram as suas mãos, mas simultaneamente, abandonam aos abrolhos do caminho os adornos de luxúria e chegam ao final do percurso com essa nudez da qual não há que envergonhar-se perante o Senhor".
 
Começo com  trecho do Alexandre Dumas Filho pra dizer que eu nunca fui muito religiosa, nunca me prendi a dogmas ou fui fiel a uma igreja. Porém, sempre tive comigo a noção de andar pelo caminho do bem. Por vezes, a vida não é tão simples e distinguir o joio do trigo pode ser muito difícil, pois as situações se apresentam e no calor do momento, podemos prejudicar aos outros e a nós mesmos, querendo fazer o melhor.
Independentemente porém dos matizes que existem entre o preto - tradicionalmente ligado ao mal - e o bom branco, acredito que nosso corpo e nossa consciência nos avisam quando estamos prestes a tomar um caminho irreversível, e cabe a nós mesmos julgar os benefícios e espinhos que um determinado caminho nos trará - o tão proclamado livre arbítrio. 
Comecei a fazer estudos independentes, e agora, um pouco mais sistematizados sobre a essência de evoluir e buscar o bem  e por tudo que pude perceber até agora, existem dois caminhos para o crescimento: o amor ou a dor. Infelizmente, a maioria das pessoas, incluindo a mim mesma, só percebe que escolheu um caminho equívoco quando sofre as doloridas consequências de seus atos. 
Peço, agora e todos os dias, forças para aprender com o amor, para conseguir multiplicá-lo e levá-lo às pessoas aonde quer que eu vá.
Não me lembro quem disse, mas disse certo: é mais fácil amar à humanidade do que às pessoas e eu me encontro em um momento de muito desânimo, descrença e decepção com pessoas. Que eu consiga  me colocar no lugar do outro, buscar compreendê-lo e, acima de tudo, aceitá-lo, através senão da caridade cristã, da bondade presente em todos os seres humanos, e que infelizmente é pouco conclamada nos dias atuais.

domingo, 20 de março de 2011

Sobre domingos e ciclos


Eu acredito piamente no fato de que quem inventou de dividir o tempo era um otimista nato. Novas semanas, meses, anos, novos dias, são sempre uma oportunidade de recomeçarmos e darmos chance para a mudança. O que quem inventou esses sistema não sabia era a ansiedade que iria se criar no dia anterior ao novo começo: na véspera de ano novo, todo mundo solta fogos, faz promessas, se sente mais benevolente, diz que ama,a abraça desconhecido. Pode ser que não mude nada, que o ano novo seja só uma ilusão pra nos dar forças pra viver mais um e outro... Agora, alguém me explica o porquê disso não acontecer com as semanas?
Hoje é domingo, um dia querido meu, geralmente acompanhado por um doce sentimento de melancolia, e às vezes, só às vezes, aos domingos me dou ao direito de pesar escolhas e me sentir nostálgica, de questionar decisões e reavaliar sentimentos e, especificamente nesse domingo, hoje, começa um outro ciclo da minha vida: amanhã além de ser segunda-feira, ainda é a primeira depois da volta das férias. Isso significa nada de dormir e acordar tarde, nada de tv a cabo e pc o dia todo. Nada de junk food, ou pelo menos, bem menos. Significa menos tempo pra pensar, pra ler, pra passar com o namorido e com a família. E por falar em família, outro ciclo se encerra: depois de 5 meses de licença em casa, minha mãe está voltando pra Brasília amanhã de manhã e eu já estou sentindo saudades. Vocês não tem noção do tamanho do meu amor que eu tenho pela minha mãe. A Dona Myrthes é uma mulher forte, inteligente e tem o maior coração do mundo, às vezes, eu acho que ela é toda coração. Eu tenho um orgulho danado dela, e conviver com ela é uma das maiores alegrias que eu tenho, alegria a qual me acostumei e com a qual vou ter que desacostumar nesse novo ciclo.
Enfim, força, alegria, sabedoria e muita paciência pra todo mundo levar a segunda-feira leve...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sobre ser um em um milhão

" Deixo onde passo os meus pés no chão, sou só mais um na multidão" (Marisa Monte)

Acho que todas as pessoas que eu conheço se ressentem de às vezes descobrirem que não são únicas. Não que elas deixem de ser especiais ou de ter qualidades e dons que deveriam ser únicos, mas é que hoje em dia é praticamente impossível tem um pensamento que seja só seu: ele vira exclusivo pelo momento, que é só seu, mas a verdade é que alguém sempre sentiu antes o que vocês esté sentindo agora, muitas pessoas já estiveram na mesma situação ou em situações parecidas, muita gente já teve o mesmo problema. Eu particularmente acredito que ai está a causa do aumento do número de tatuagens, de piercings, de expressões artísticas, de livros, todo mundo está em busca da sua individualidade, daquilo que te define como ser humano único e potencialmente "melhor" que alguém em alguma coisa.
O fato é que em duas vezes na minha vida aconteceram coisas que só acontem "com um em um milhão" e, em nenhuma das duas, eu fiquei feliz. Acho que eu sou uma pessoa azarada, quando se trata desse tipo de coisa, porque os dois fatos que me aconteceram tinham a ver com a minha saúde: na primeira eu só tinha 12 anos e fiz uma pequena cirurgia de desvio de septo, coisa rápida e simples, segundo o médico, saí do hospital no mesmo dia  e teoricamente sem problema algum. O problema, veio na verdade, umas semanas mais tarde quando eu voltei ao médico para tirar o curativo e verificar a cicatrização. Só que o curativo não saía. Doeu pra burro,  médico não sabia mais o que fazer, não saía de jeito nenhum. Resumindo a ópera, meu nariz teve uma supercicatrização ultra-blaster-rápida, e cicatrizou o curativo junto. Lá vai eu recomeçar a cicatrização toda de novo, a base de antibióticos e bla bla bla. Segundo o médico, na época a chance de  isso acontecer era de uma em 100.000. Dá pra ter noção?! Não queria ser especial desse jeito!
A segunda "manta" que eu tomei da minha saúde é mais recente, especificamente de uns quinze dias atrás:  apareceu uma mancha no meu braço, e como eu tinha ido à uma piscina desconhecida, achei que estava com uma micose. Dois dias depois, eu estava com 15 manchas, espalhadas entres costas, barriga e pernas e entrei em pânico. Fui à dermatologista desesperada e ela disse que eu podia ficar tranquila, que não era micose, era Pitiríase Roséa, que é uma infecção viral, duraria dois meses e que eu podia ficar tranquila que não daria no rosto, porém, não poderia tomar sol. Aqui minha história se divide em duas:
1) Minhas férias marcadas pra semana passada, estava de viagem marcada pra Fortaleza. Cancelada, fiquei em casa brincando de Bridget Jones e engordando.
2) Meu rosto está cheio de manchinhas. Como acontece em um em um milhão de casos.

E aí, alguém que ser especial comigo? Pois estou louca pra ser só mais um na multidão.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Roubando um meme literário I

Eu sempre vejo por aí vários memes literários interessantes, que fazem pensar sobre todos os aspectos possíveis e imagináveis de um livro, e já que eu não sou lá muito popular para recebê-los, decidi que nada me impede de "roubá-los" (risada maligna). Esse primeiro que eu vou colocar hoje, eu peguei no Meu Jardim de Livros, mas pelo que eu entendi é originalmente do Page Reading, se não for assim, me perdoem hehe Mãos à obra então!

1- Quantas páginas você lê por dia?
Muitas. Sério, eu tenho que me vigiar e não começar a ler em horários que nã posso continuar, porque sou capaz de virar a madrugada, tendo que trabalhar no dia seguinte, pra saber o final de um livro. Quer um exemplo? Eu li os dois livros de "A queda de Atlântida" da Marion Zimmer Bradley em uma madrugada.

2- Se fosse um personagem de livro, qual seria?
A Helena de Meu destino é pecar, do Nelson Rodrigues.
3- Quantos livros você compra e lê por mês?
Compro 2 ou 3, depende das promoções que acho na net hehe
Quanto a ler, se for contar romances de banca de revista além das leituras mais "sérias", leio um livro por dia.

 4- Como é a sua leitura, você lê em voz alta ou silenciosamente?
Leio silenciosamente e completamente focada:  me desligo do mundo de tal maneira que se a casa pegar fogo, morro queimada.

5- Já pegou livro emprestado de alguém? Gosta de emprestar seus livros?
Sempre pego livros emprestados, principalmente quando não tenho certeza se vou gostar da leitura. Não importo nenhum pouco de emprestar meus livros, mas tenho um banco de dados  no computador so pra ter certeza de com quem estã e desde quando.

6- Onde você guarda seus livros, tem uma estante para isso?
Eu estou começando a minha estante agora, na casa da minha mãe há uma biblioteca enorme, e eu estou querendo segui o exemplo dela. Porém só me mudei pra minha casa em novembro, então por enquanto a coleção é um pouco tímida. Uma foto pra vocês conhecerem-na:

 Essa praguinha na foto é a Srta. Kika, que adora pular em qualquer livro que mamãe esteja lendo.


7- Cite no minimo três melhores livros que possui na sua estante:
Pois é, eu ando comprando muitos livros em promoção, e tem bastante coisa infanto-juvenil, que eu partcularmente adoro, mas não considero os melhores livros do mundo. Estou esperando promoções de três livros específicos, que são meus favoritos e não podem falta: Pássaros Feridos (Colleen McCullough), Meu destino é Pecar (Nelson Rodrigues) e Os Catadores de Conchas ( Rosemunde Plicher). Quanto aos que eu já tenho, creio que oe melhores são O Senhor dos Anéis ( Tolkien), Orgulho e Preconceito (Jane Austen) e a série do Eragon,  do Christopher Paiolini.

8- Qual a sua leitura do momento e o que está achando?
Estou tentando reler "O Morro dos Ventos Uivantes", mas sempre paro na metade, não consigo simpatizar com as personagens. Além disso, estou lendo "Casos controvertidos do Evangelho", do Paulo Alves Godoy e estou ensaiando pra ler "Os exilados de capela", do Edgard Armond.

9- Indique para 5 ou 10 blogs amigos
Como não recebi, não me sinto à vontade para indicar, mas se alguém comprar a idéia e quiser roubar também, me avise pra eu conferir as respostas ;)

terça-feira, 15 de março de 2011

Um amor em meus braços - Rebbeca Winter

Pois é, eu estou sempre aqui contanto um pouco da minha vida, um pouco do que vejo ou leio, mas nunca contei para vocês como eu simplesmente ADORO romances de banda de revista. Sério, podem falar que é previsível, que é literatura barata pra dona de casa entediada, digam o que quiserem, esses livros me fizeram, e fazem companhia ao longo dos anos, me ajudando a sonhar com o príncipe enquanto  ele não havia chegado, me transportando pra outros lugares, de divertindo e emocionando - sim, eu choro, e muito, lendo-os.

Isso posto, descobri uma proposta chamada Maratona de Bancas, e é claro não podia deixar de me inscrever: cada mês do ano tem uma proposta de tema para a leitura, e o do mês de março é "Nem tudo é perfeito", dando a idéia de escolher um livro que o mocinho ou a mocinha tivessem defeitos, mas mesmo assim conseguissem ficar junto. Não é muito como a vida real?! 
Pra começar então, eu escolhi o livro  Um amor em meus braços (The duke's baby) da Rebbeca Winter, de quem eu nunca havia lido nada. Vou colocar a sinopse pra vocês, e depois faço meus comentários particulares, certo?!

Sinopse:
Lance Malbois, descendente de linhagem de reis, é um militar rude, que volta ao lar com cicatrizes no corpo e no coração. Mas seu lado sonhador, apesar de enterrado sob as mágoas do passado, jamais desistiu de constituir uma família... A fotógrafa Andrea Fallon é uma mulher solitária, que mergulha no trabalho para afastar a tristeza pela morte do marido. No entanto, ao se descobrir grávida, decide dar a seu bebê a família que jamais teve... mesmo que tivesse de unir sua vida a de um outro homem para sempre...
O que eu achei:
Bem, falando de tudo que não é perfeito, Andrea, recém-viúva, teve um casamento morno pois foi considerada infértil, o que diminiu o interesse do antigo marido. Richard. Mesmo assim, em busca de si  mesma e como forma de homenagear o defunto, ela parte para a França,  querendo terminar o livro que o estudioso Richard morreu antes de terminar. Lá, rodeada pelas histórias de Sir Lancelot e o carinho de seu anfitrião - o pai de Lance- ela começa a se recuperar. Porém, muitas questões ainda estão por ser resolvidas: com seu pai doente, Lance volta pra casa depois de dez anos servindo ao exército para fugir de sua meia irmã perturbada, que se convenceu de que eles iriam se casar. O que não se sabe, e se descobre mais tarde, é que Lance é infértil devido a um acidente na guerra, e que  Andrea está grávida do marido morto, num mliagre que o livro não explica. Unindo a sua vontade de ser pai, à necessidade de ter um filho para ser o próximo Duc de Lac, Richard pede Andrea em casamento, um casamento aparentemente de conveviência, mas que tem tudo pra se tornar realidade!
Eu particularmente gostei bastante do livro, principalmente porque sou aficcionada pela história de Sir Lancelot e a Guinevere (qualquer hora quero falar aqui sobre As Brumas de Avalon, minha versão preferida), e Lance (isso, de Lancelot mesmo) é o homem perfeito, gentil, carinhoso, um pai perfeito, que faz tudo pra proteger aqueles que ama. Vale a pena perder duas horinhas.

Quem quiser ler, pode baixar aqui.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Que tipo de amigo você é?

"Amizade é quando você  não faz questão de você  e se empresta aos outros."
Adriana Falcão



Não estou pretendendo nesse texto fazer uma análise profunda sobre quais são os tipos de amigos que existem, mas algumas coisas me acontecem me fazem pra pensar em várias histórias que me ocorreram ao longo da vida, e quem me levam a acreditar que eu sou uma amiga pra horas difíceis.
Não entendeu nada? Vou tentar exemplificar pra ficar mais claro: há uns anos atrás uma pessoa que eu considerava minha melhor amiga engravidou. Menina novinha, 17 anos, não namorava o cara, pai bravo, cidade pequena... todo aquele contexto clichê que vocês devem imaginar. A menina chorava, eu consoloava, fui no médico, comprei teste de gravidez, ajudei a contar pra mãe, tomei dramin de manhã na casa ela pra não perceberem que quem tiha enjôos era ela... enfim, fiz o que pude e mais pra poder ajudar, inclusive oferecer miha casa quando a fera do papai queira expulsá-la da del. Certo, o bebê nasceu, o vovô ficou mais calmo, já que os dois começaram a namorar e aquela coisinha linda não tinha culpa de nada, blá blá blá. Fiquei feliz por ela, fiquei de verdade, só que o que aconteceu depois me deixou meio “esquisita” e ainda alguna fatos viraram tabu lá em casa: quando eu quis visitá-los no hospital para ver o neném, a mãe dela me disse que talvez não fosse o momento mais conveniente, já que tinha uma van inteira lá, dos amigos dela na faculdade visitando, e que uma pessoa a mais poderia mais atrapaloshar do que ajudar. Levei numa boa, realmente, questionei o bom senso de pessoas que montam uma van pra visitar um recém-nascido no hospital, enfim, passou. Alguns meses depois, houve o batizado do bebê (aliás, um dos bebês mais lindos que eu já vi, no orkut), eu nunca fui convidada. Não esperava ser madrinha, nem nada, mas achei que como amiga que era, receberia pelo menos um convite. Não foi dessa vez. Quando a menina fez um ano, houve uma festa como nunca foi vista por aqui: vovô orgulhoso, netinha linda, festa cheia, muita comida e bebida no melhor lugar da cidade. Advinha que não foi convidada? Eu só descobri a festa porque comentaram com a minha mãe que haviam sentido nossa falta lá, depois de toda a força que havíamos dado. 
Depois disso, que aconteceu há uns 4 anos, eu tenho analisado bastante, e estou bastante certa de que eu sou uma amiga pra horas difíceis. Várias vezes já salvei essa amiga de enrascadas, dando a cara a tapa, tantas outras emprestei meus ombros pra vários outros amigos que, depois de recuperados, milagrosamente desapareciam. 
Não me levem a mal, eu gosto de saber que as pessoas confiam e gostam de mim, que sabem que podem contar comigo independente da situação, mas, às vezes,só às vezes, eu queria que me chamassem pra coisas boas também, olha só: um casal de amigos meus vivia brigando, chegaram ao cúmulo de sair no braço, e sempre, os dois, me procurando pra se reconciliar, pra ajudar, pra dizer o que faz, quando ficaram bem, felizes e sorridentes, nunca mais encontrei. 
Depois de tudo dito, acho que desenvolvi uma teoria: existem amigos com quem gostamos de sair, outros, que nos fazem bem na satidade do nosso lar, tomando vinho e colocando o papo em dia, sobre outros tudo o que posso dizer é que são os melhores pra rir com a gente, e finalmente, existem os amigos como eu, aqueles de quem só lembramos quando acontece algo ruim na nossa vida, e sabemos que podemos contar com eles. Como eu já disse, não me incomodo de emprestar o ombro, ele tá aqui é pra isso mesmo, mas por favor, não se esqueçam de mim na hora da cerveja gelada, ou da viagem de férias, ou de contar as risadas.

terça-feira, 1 de março de 2011

Será que existem laranjas iguais?

"Aqueles que andam pelo campo e vêem duas laranjas maduras e iguais, como podem saber que uma é boa e outra é ruim? Somente levando-as às boca?”
Em 2004, estudando pro vestibular da Unicamp, me deparei com o livro “As laranjas iguais”, de Oswaldo França Junior. A professora do terceiro ano sugeriu que o lêssemos e analisássemos e me lembro que tudo o que eu senti na época foi raiva: achei o livro chato, os contos incompreensíveis, e o exercício nulo, e isso porque já então era uma apaixonada por literatura, mas na época, era completamente apaixonada por Augusto dos Anjos. Pois bem, o tempo passou, e separando os meus livros para levar da casa da minha mãe para a minha, eis que eu reencontrei as laranjas iguais, e não é que elas agora fazem sentido?! E e eu tenho vontade de compartilhar com todo mundo a experiência que é ler o livro, fininho, que você lê em 30 minutos, mas talvez leve trinta anos para compreender, ou, no meu caso, sentir e aceitar. Sentir porque, como eu li essa semana em “O diário de uma paixão” (Nicholas Sparks), o que é poético e realmente belo na vida, não pode ser compreendido ou explicado, apenas vivido e sentido – daí a dificuldade de explicar poesia. Pois bem, vou deixar um conto do livro para vocês, e vocês me dizem o que sentem e se sentem alguma coisa, ou se, como eu nos meus primeiros anos, só sentiram que perderam tempo em um exercício inútil.
A justiça (p. 19)

DE UMA COLINA, onde se descortinava toda a cidade, dois homens mantinham silêncio olhando os dois corpos que balançavam lado a lado no patíbulo da praça. Um dos homens era o juiz mais sábio e justo de todo o país e o outro, um lenhador, seu amigo.
E o lenhador quebrou o silêncio:
-Senhor juiz, nunca houve uma sentença sua que eu não aceitasse como a suprema justiça. Mas, desculpe minha infinita ignorância, por que enviar à forca uma mulher que no julgamento perdoou ao frio assassino do filho? Qual a razão desta sentença, senhor juiz?
E o juiz grave, solene, respondeu:
-A justiça, meu amigo.
-Mas como justiça, meritíssimo? Essa mulher era uma santa. Perdoava a todos; até ao assassino do filho.
E o juiz, do fundo da sua sabedoria, disse:
-A esse crime ela não tinha o direito de dar o seu perdão.”

FRANÇA JR, Oswaldo. As laranjas iguais: contos. 2° Edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
 
Eu, no fundo da minha ignorância, resumo assim: “Certas coisas não merecem perdão, e quem o dá, merece ser castigado”.