domingo, 17 de fevereiro de 2013

E quem, de verdade, sabe o que pensa outro ser humano?

Quando pensamos que conhecemos alguém muito bem é quando o outro tem mais facilidade em nos supreender. Achar que entende a linha de raiocínio, os valores ou ideias de alguem é perigoso: nos torna preconceituosos, pois nos damos ao direito de interpretar as palavras do outro por caminhos que nem ele nem tinha previsto antes de dizer. Se achamos alguém pretensioso ou arrogante, é possível que interpretemos tudo o que digam como afronta ou crítica pessoal, como se suas palavras fossem dirigidas a nos diminuir. É aqui que mora o perigo: por causa de nosso próprio complexo de inferioridade, percebemos o outro como hostil quando, às vezes, ele nem estava pensando que você se ofenderia com as palavras dele. Sabe o que isso demonstra? Que somos, lá no fundo, bastante egoístas para imaginar que as outras pessoas passam tanto tempo pensando sobre nossos defeitos e falhas quanto nós mesmos. Assim, um bom jeito de viver de maneira mais leve e saudável, é nunca incutir pensamentos ou intenções à outras pessoas, mesmo se acharamos que as conhecemos muito bem. Você evita atritos, confusões e desentendimentos apenas controlando sua própria imaginação.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Sobre palavras e silêncio

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipdYwjdP89sxZLH1h2yHssBAUvzAb4sPcbMZ8FTRpw0lLBw1gLktB0rStfRTjqHnC_PPfMwwvmSUrb-XRGjVHoc8zRa-ZvCh_Or0zmJHM06OCKokcirDTyXaoLqsq6YPnWrT007OaevIU/s1600/silencio.jpg

Eu tenho a impressão de que nunca escrevo o suficiente. Meu blog é um espaço para falar de tudo o que penso e sinto, mas, entendam: eu sou do tipo de pessoa que pensa demais e sente mais ainda. Eu falo para caramba, mas dificilmente o que eu penso de verdade, então, escrever às vezes é o único canal para me libertar das frustações e pequenas decepções do dia-a-dia, bem como de todas as palavras que me engasgam. Vai falar que você nunca tem vontade de dizer umas "verdades" que poderiam magoar alguém, e aí você engole, e depois fica com gastrite? Hoje, seu eu fosse falar o que penso de verdade, diria para você ficar com quem te faz feliz. Não importa se você está ficando velha, se está na hora de ter filhos, se não existem muitas pessoas que querem casar hoje em dia: é melhor ficar solteira do que viver com alguém que não te entende e não pode aceitar que você cresça. Diria também que tudo na vida tem hora, e que a nossa hora é diferente da dos outros: não é porque todo mundo tá terminando o doutorado, tendo o primeiro filho ou indo à Lua que você tenha que ir também, a não ser que você queira fazer todas essas coisas. E que, se você as quer, deveria correr atrás delas: qualquer pessoa que te ame só vai querer te ver feliz e realizando seus sonhos, e se você não sonham o mesmo, mas se amam, vão construir sonhos juntos, além de pontes para estarem perto, mesmo que não juntos no sentido mais estrito da palavra. Te contaria que tá tudo bem não ser a melhor dona de casa do mundo: ninguém realmente se importa com isso se você for amorosa com as coisas que realmente sabe fazer, e humilde com as que não sabe - às vezes você até ganha dicas maravilhosas das rainha dos lares. Um casamento não é feito de limpeza da casa, comida na mesa ou roupa bem lavada: é feito de amor, de paciência e de companheirismo e, se você tiver isso tudo, não tem briga que se interponha, nem roupa suja que não se lave. Diria também que é normal ficar inseguro, duvidar da vida e não saber para onde está indo, você só não pode é deixar de ir -  de repente, você perecebe no meio do caminho que você chegou lá. Mas nós não temos intimidade para tanto, então não direi nada, mas espero que você descubra isso tudo sozinha -  e feliz.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Fora da caridade não há salvação

Todo preconceito é inaceitável. Mas será que alguns são ainda mais inaceitáveis que outros?  Hoje vou me atrevo a falar de coisas as quais não entendo muito bem, então já me desculpo por antecedência caso fale alguma bobeira muito grande, mas a verdade é que esse assunto tem rondado a minha cabeça por muito tempo. 
Como se definem os preconceitos de uma pessoa? Quer dizer, é sentimento de pertence a um determinado grupo? É limitação de classe? Criação familiar? Enfim... o que nos faz deprezar e até odiar uma raça, um grupo, um estilo de vida, que não compreendemos e do qual instintivamente discordamos? 
Ando determinada a entender como funciona esse mecanismo de auto-imagem e sentimento de pertence que exclui características do outro com as quais não me identifico, imediatamente as rotulando como inferior ou ruins. Dito isso, já aconteceu com vocês de conhecer alguém que simplesmente não tem espelho? Quer dizer, uma pessoa que critica um grupo ou uma raça, por exemplo, mas que não percebe que ao ofender o outro está se ofendendo? Um dia desses vi uma pessoa que é, para ser clara, mulata, falando mal de negros e fazendo piadinhas racistas. 
Para começar, piada geralmente me deixam de mal humor: não acho que exista tema neutro e não acho graça rir de esteriótipos de nenhum tipo. Mas me indignou ver que a pessoa, descendente de negros, consegue rir vendo tratarem seus antepassados como indolentes, ignorantes ou inferiores. Agora, quantas vezes não vemos isso? Uma pessoa acima do peso rindo de piadas de "gordo"? Mulheres dançando ao som de musicas machistas, e rindo de outras mulheres que passam por situação humilhantes? Ou em casos um pouco diferentes, pessoas cheias de outros defeitos apontando o dos outros, para se sentir melhor sobre os seus? Como se só o do outro é que fosse feio...
Percebo que, cada vez mais, falta compaixão para com o próximo e alteridade. É preciso se colocar no lugar do outro, percebê-lo como ser humano que merece senão amado, ser respeitado em sua individualidade, com todas as suas características peculiares, independente do que pensamos das escolhas que elas fazem. Antes de apontar defeitos alheios, faça uma lista com os seus e tente entender o porque do outro te incomodar tanto porque ser gay, negro, mulher, pobre, gaúcho, corinthiano ou ateu. Particularmente, eu enxergo a caridade como uma religião.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sobre identidade cultural e outras besteiras

Casa no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves
 Sempre tive a impressão de que nascer em um grupo com forte identidade cultural seria maravilhoso. Ao contrário de todas as outras pessoas que vêem as limitações e dramas aos quais eu me submeteria, e talvez por ser indecisa e insegura, acho que deve ser incrível nascer em uma sociedade onde se sabe exatamente o que se espera de você. Não ter que decidir, nem corresponder à expectativas não-ditas deve ser tão pacífico! Provavelmente eu me revoltaria, seria do contra e lutaria com as opções que me teriam sido pré-destinadas, eu sei, mas a verdade é que essa viagem ao Sul me fez pensar mais ainda no assunto: visitamos uma vinícola quase artesanal, que é propriedade da mesma família a quase duzentos anos, onde os trabalhadores e vendedores e guias turísticos são todos primos, irmãos ou parentes de alguma forma. Eu fiquei horas cismando sobre como todas aquelas lindas meninas tão brancas e loiras encaram o fato de já terem nascido com um futuro garantido. Não estou dizendo que elas obrigatoriamente terão que se render ao negócio da família, casar, ter filhos e trabalhar também na vinícola - mas me encanta a ideia de que ela podem, se for o que elas quiserem. Na verdade, sejam estrangeiros em um país estranho, judeus, pessoas de família tradicional, enfim, qualquer grupo com uma identidade definida, todos me encantam, a ideia de uma unidade, uma força que vem da coletividade me encanta. A minha tribo é minha família, e apesar de os amar e agradecer por todos ao meu lado, e mesmo sabendo que eles apoiam todas as minhas decisões - sejam pintar o cabelo de vermelho ou fazer um casamento à fantasia - ninguém me diz o que fazer: as decisões são minhas, assim como as consequências delas. Seria reconfortante, eu acho, ter alguém para culpar quando tudo dá errado, seja uma sina ou uma casa ancestral.