sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Escolhas


Eu fiz uma escolha consciente: te amar. Escolhi porque sou egoísta e também porque eu quero ser feliz. Se qualquer um poderia ter meu corpo, só você me aquece a alma. Quando decidi me dar a você, decidi também negar a minha natureza: me neguei outras pessoas, outras possibilidades de finais , mas escolhi mesmo assim por pensar que você era o único final feliz possível. E é isso que eu tenho tido nos últimos quatro anos: chances, chances de conhecer a normalidade, a paz, o amar. Se me pego pensando em coisas ruins e auto-destrutivas, é só lembrar do jeito que você me olha, de quanta adoração você me dá, para que minhas forças se renovem. Porque eu sei, no mais profundo do meu ser, que você precisa de mim. E eu, eu preciso de você para me manter sã e, principalmente, viva. Eu tentei fugir, quis lutar contra esse destino iluminado que, eu sei, é o que me espera ao seu lado: constância, ondas contínuas de familiaridade e calor. Quis reviver as sombras, o prazer e a inconsequência, mas no fim do dia tudo o que eu queria era estar nos seus braços, cheirar seu pescoço e ter a certeza de que você me aceita. Porque você sabe, você sabe que eu sou despedaçada: eu choro sem motivos, rio sem vontade e me sinto incompleta. Não sei o que me fez assim, talvez algumas pessoas simplesmente nasçam torturadas. O que eu sei, e soube desde o momento em que você entrou na sala de aula e me deu aquele sorriso tímido e desinteressado é que você é a única pessoa que pode me fazer bem. Não sei o que o futuro nos reserva, não sei quanto tempo eu vou vier, se seremos ricos ou largaremos tudo para morar na praia como a gente gosta de imaginar: o que eu sei é que eu escolhi você, escolhi qualquer que seja a vida que eu possa ter ao seu lado e eu te peço, mesmo que eu vacile, olhe para trás algumas vezes, que eu surte, grite e esbraveje, nunca me deixe esquecer que você é a minha escolha. Todo dia. Amor é compromisso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Andei lendo Walt Whitman

Você conhece Walt Whitman? Se sua primeira resposta for não, é melhor pensar mais um pouquinho: qualquer um que tenha assistido o maravilhoso filme "A sociedade dos poetas mortos" deve lembrar de "Oh Captain! My Captain", uma das elegias mais famosas do mundo. Eu recentemente encontrei um  exemplar de "Leaves of Grass" (Folhas de Relva) lá em casa, e estou me deliciando com a leitura. Aproveito para comentar que a maioria das traduções do Whitman para o português são deploráveis, inclusive a que eu estou lendo. Digitei um do meus favoritos, "A ti", de "Pássaros Migratórios" para vocês, espero que gostem tanto quanto eu. 
Clicando no velhinho simpático ai embaixo que não é o Gandalf mas bem que poderia ser, você lê um outro trecho, de América.


"Quem quer que sejas, temo que caminhes pelo
caminho dos sonhos.
Temo que estas supostas realidades estejam destinadas a
desvanecer-se embaixo de teus pés e tuas mãos,
Mesmo agora, teus traços, alegrias, palavras, casa, negócio,
maneiras, problemas, loucuras, roupas, delito,
dissipam-se de ti,
Teu corpo e alma verdadeiros aparecem para mim,
Abandonam os assuntos, o comércio, as lojas, o trabalho,
as fazendas, a roupa, a casa, a compra, a venda a comida,
a bebida, o sofrimento, a morte.


Quem quer que sejas, agora ponho minha mão sobre você, para
que sejas meu poema,
Te sussurro com meus lábios em seu ouvido,
Que tenho amado a muitas mulheres e homens, porém a ninguém
tanto como amo a ti.

Ah, eu tenho tido muito tempo estive mudo,
Eu deveria ter ido diretamente para você desde o início

Deveria ter falado somente de ti, deveria ter
cantado somente a ti.

Deixarei tudo para compor hinos a ti,
Ninguém nunca te entendeu, mas eu te entendo,
Ninguém nunca te fez justiça, nem você fez justiça a si mesmo,
Ninguém te achou senão imperfeito, eu sou o único que
em ti não vê imperfeições,
Todos quiseram te subordinar, eu sou o único que nunca
aceitará tua subordinação,
Eu sou o único que não coloca um domínio sobre ti, um dono, um
superior, Deus, além do que é esperado
de você intrinsecamente.

Pintores têm pintado fervilhantes grupos e da cabeça da figura
central de tudo,
Se desprende uma auréola de luz dourada,
Porém eu pinto miríades de cabeças, e não existe nenhuma
sem uma auréola de luz dourada.
De minha mão, faço emanar da cabeça de todos os homens
e mulheres, fulgurando e fluindo infinita.

Oh, poderia cantar tantas grandezas e glórias por ti!
Não sabendo o que era, você esteve dormindo
profundamente por toda tua vida,
Tuas pálpebras estiveram fechadas a maior parte do tempo,
Tuas ações te voltam agora com zombaria
(Tua frugalidade, teu conhecimento tuas orações, por que
voltam senão para zombar de ti?)

Tu não és a zombaria,
Dentro e sob elas te vejo à espreita,
Te busco até onde ninguém nunca te buscou
O silêncio, a escrivaninha, a expressão petulante, a noite, a
acostumada rotina, e tudo o mais que te oculta
de ti mesmo, não te oculta de mim,
O rosto barbeado, o olhar inseguro, a pele impura,
e o que engana aos demais, não enganam a mim,
A roupa atrevida, a atitude disforme, a embriagues, a
gula, a morte prematura, tudo isso deixo de lado.

Não existe qualidade no homem o na mulher que tu não possui,
Não há virtude nem beleza, no homem ou na mulher,
que não esteja em ti,
Nem valor ou resistência em outros, que não esteja em ti,
Nem prazer que espere aos outros, e que não esteja
à sua espera.

Quanto a mim, não dou nada a ninguém se não te dou
com o mesmo carinho.

Não entoo cânticos de louvor a ninguém, nem a Deus, sem
antes entoar os louvores de tua glória.

Quem quer que sejas, reivindica o que é teu sob qualquer risco,
Essas paisagens do Leste e do Oeste são maçantes se comparadas a ti,
Esses imensos prados, esses rios intermináveis, tu és
tão imenso e tão interminável como eles,
Essas fúrias, elementos, tormentas,movimento da
Natureza, agonia de dissolução aparentem tu és,
homem ou mulher, o senhor ou a senhora sobre ele,
Senhor ou senhora em teu próprio direito sobre a Natureza,
os elementos, a dor, a paixão, a dissolução.

Os grilhões caem de teus tornozelos, e descobres
umas suficiência inesgotável,
Velho ou jovem, macho ou fêmea, rude, baixo, rechaçado
pelos demais, proclames o que és,
Através do nascimento, da vida, da morte, do enterro, os
meios lhe são proporcionados, nada te falta,
Através das raiva, das perdas, da ambição, da ignorância,
do tédio, o que tu és abre caminho."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Andei lendo: O noivo da minha melhor amiga

Eu adorei esse romance de Emily Giffin, achei o jeito dela escrever super divertido e sarcástico, me lembrou um pouco a Bridget Jones. A história é basicamente a seguinte: no aniversário de 30 anos de Rachel, depois de beber demais, ela acaba na cama com o noivo de sua melhor amiga de infância, Darcy. A partir de então, o livro passa a narrasras peripécias de Rachel para manter o caso com Dexter, e a amizade com Darcy. Detalhe que Rachel é a madrinha do casamento. Enfim, adorei, recomendo, e selecionei umas frases. Vale falar que eu me identifiquei muito com a Rachel, não pela situação, mas pela forma como a personagem foi estruturada: suas dúvidas, inseguranças, as neuroses...

“Talvez eu simplesmente seja uma pessoa má. Talvez a única razão para que eu tenha sido boa até agora tenha menos a ver com a minha firmeza de caráter e mais a ver com o medo de ser pega em flagrante. Obedeço às regras porque tenho aversão ao risco.” (Pág. 18)

“- Você é tão sortuda - Darcy resmungava enquanto eu tentava estudar.
Não, sorte é o que você tem, pensava eu. Sorte é comprar um bilhete de loteria e ficar rica. Nada na minha vida tem a ver com sorte - tudo é uma questão de trabalho duro, uma luta ladeira acima. Mas, é claro, eu nunca disse isso. Disse apenas que as coisas logo, logo iriam mudar para ela.” (Pág. 29)

“Essas são as imagens das quais eu me lembro mais. São como fotografias de ex-namorados: você quer desesperadamente jogar fora, mas não tem coragem de se livrar delas. Então, em vez de jogar fora, guarda numa caixa de sapato velha, no fundo do armário, e decide que não há mal nenhum em guardá-las. Só para o caso de querer abrir a caixa e lembrar alguma coisa dos bons tempos.” (Pág. 34)

“Não derramei uma lágrima sequer até que o encontrei numa festa, de mãos dadas com Betsy Wingate, que também tinha sido do nosso dormitório no primeiro ano. Não queria estar segurando a mão dele, por isso soube que minha reação era apenas um misto de nostalgia e orgulho ferido.” (Pág. 45)

“Olhando em retrospecto, me questiono se realmente amava Nate, ou apenas a segurança do nosso relacionamento. Fico imaginando se na verdade meus sentimentos por ele não tinham muito a ver com o fato de odiar meu trabalho. Do Exame da Ordem até aquele ano infernal como funcionária de um escritório, Nate foi minha válvula de escape. E às vezes isso pode se parecer muito com amor.” Pág. 47)

“Não tem nada a ver com o valor inerente da pessoa, com a soma de seus atributos. É uma coisa que você não pode se obrigar a sentir. Ou a não sentir. Embora eu tenha realizado um trabalho razoável ao longo dos anos.” (Pág.89)

“Não, risque a palavra “carreira”. Carreiras são para pessoas ambiciosas. Eu quero apenas sobreviver, ter um contracheques no final do mês. Isto é um mero trabalho. Posso ficar ou ir embora deste lugar. Considero pedir demissão e seguir com paixão uma carreira que eu ainda não sei qual é.” (Pág.100)

“Penso que muitos casais pontuam suas ligações com vários "eu te amo" da mesma maneira automática que outras pessoas dizem "tchau". Não significa nada.”(Pág. 132)

“- Não importa o que aconteça, o que eu disse é verdade.
Suas palavras soam como uma agulha arranhando um disco. A sensação de estar afundando e adoecendo toma conta de mim. É por isso que nunca se deve, jamais, criar altas expectativas. É por isso que se deve sempre ver o copo meio vazio. Então, quando a coisa toda derrama, você não fica tão devastada. Quero chorar, mas mantenho meu rosto tranquilo, aplico em mim mesma uma injeção psicológica de Botox. Não posso chorar por diversas razões, e uma delas é que se ele perguntar o motivo não serei capaz de articular uma resposta.” (Pág. 136)

“- Para sempre é muito tempo - digo, sarcástica.
- É realmente muito tempo - diz ela. - E às vezes duvido da minha capacidade de compromisso. Quer dizer, sei que quero me casar, mas às vezes não consigo me imaginar passando mais quarenta anos, ou seja lá quanto tempo for, e nunca mais sentir aquela emoção de beijar alguém diferente”(Pág.173)

“- É, eu beijei o Marcus. Grande coisa.
- Para mim é grande coisa, sim. - Ele está tão perto de mim que sinto seu cheiro de álcool. - Eu odeio isso. Não faça de novo.
- Não me dê ordens - sussurro de volta bem agressiva. Lágrimas de raiva escorrem dos meus olhos. - Eu não digo a você o que fazer... Quer saber do que mais? Talvez eu devesse...Que tal: Case-se com a Darcy. Eu não me importo.
Saio de perto de Dex, quase acreditando no que disse. É o meu primeiro momento de liberdade do verão. Talvez o momento mais livre da minha vida. Estou no comando. Eu decido. Vou para os fundos, sozinha entre a multidão, o coração acelerado. Minutos depois, Dex me encontra e me segura pelo cotovelo.
- Você não falou aquilo a sério ... sobre não se importar.
Agora é sua vez de ficar desesperado. Sempre me impressiono em ver como esta regra é infalível: a pessoa que se importa menos (ou que finge se importar menos) tem o poder.” (Pág.184)

“Por um segundo irracional tenho um desses pensamentos que a maioria das pessoas não admite: engolir uma dúzia de comprimidos, e depois vodca. Poderia punir Dex de verdade, arruinar o casamento deles e acabar com minha própria tristeza.Não seja maluca. É apenas uma pequena decepção. Você vai superar isso. Penso em todos os corações partidos neste momento, em Manhattan, em todo o mundo. Penso em toda a avassaladora tristeza. Imaginar o sofrimento alheio faz com que eu me sinta menos sozinha. Maridos abandonando suas esposas depois de vinte anos de casamento. Crianças chorando: "Não me abandone, papai! Por favor, fique!" Meu sofrimento não se compara a esse tipo de dor. Foi apenas um romance de verão. Nunca duraria para além de agosto.” (Pág. 189)

“Lembro de minha mãe dizendo que o oposto do amor não é o ódio, é a indiferença. Ela tinha razão. Meu objetivo é ser indiferente ao Dex.” (Pág. 202)

“Olho para o relógio. Tenho ainda dez minutos. Dez minutos para sentar e pensar na minha nova vida, na sensação de ser o único e legítimo amor de Dex. Eu me instalo no sofá, fecho os olhos e respiro fundo. Cheiros gostosos e sons claros e bonitos preenchem meu apartamento. A paz e a calma tomam conta de mim enquanto percebo que não estou com qualquer sentimento ruim: não tenho ciúmes, preocupação, medo, nem estou sozinha. Só então reconheço que talvez esteja sentindo a verdadeira felicidade. Até mesmo alegria. Nos últimos dias, quando senti essa emoção em meu coração, percebi que a chave da felicidade não deveria ser encontrada num homem. Que uma mulher independente e forte deveria se sentir realizada e plena por conta própria. Isso é verdade, é realmente possível. E mesmo sem o Dex, gosto de pensar que ainda poderia ser feliz. Mas a verdade é: eu me sinto mais livre com o Dex que quando estava solteira. Eu me sinto mais Rachel com ele do que sem ele. Talvez o amor verdadeiro faça isso. E eu realmente amo Dex. Eu o amei desde o começo, desde os tempos da faculdade, quando acreditei que ele não fazia o meu tipo. Eu o amo pela inteligência, pela sensibilidade, pela coragem. Eu o amo completa e incondicionalmente, sem reservas. Eu o amo o suficiente para me arriscar. Eu o amo o suficiente para sacrificar uma amizade. Eu o amo o suficiente para aceitar minha própria felicidade e com ela fazê-lo feliz também.” (Pág.228)



P.s: Clique aqui para baixar o livro.
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sobre escrever



Eu vivo ouvindo as pessoas dizerem sobre como eu ecsrevo bem, e sobre como devia fazer disso minha vida. Acho que eu nunca quis dividir muito do que eu escrevo porquê não sei escrever sobre as outras pessoas, sobre o que elas sentem:  tudo o que vira letra veio de mim, são coisas que eu senti ou pensei em determinados momentos, são partes de mim. Escrever ficção pra mim, então, é uma piada: todos os personagens são extremamente parecidos comigo, com o que eu sou ou com quem queria ser. Acho que por isso me limito a escrever raramente e apenas em momentos-limite: quando passo alguma coisa pro papel é porquê aquilo não cabe em mim, e estou procurando uma forma de aceitar, de me aceitar.


Eu sinto também que eu nunca devia parar de escrever, porquê essas palavras perdidas me ajudam a entender como eu estou em relação ao mundo, às outras pessoas e a mim mesma, mas às vezes, parece que não há neologismo que explique o que acontece e só saem clichês e meias verdades. Porquê escrever é um exercício de sinceridade, e pode ser que às vezes nem eu esteja preparada pra descobrir: verdades inquietam, desassosegam.


Podem pensar o contrário, a lógica o diria, mas não escrever pra mim é um exercício de fuga: se não paro pra escrever, não paro pra pensar, e se você não pensa em quão confusas as coisas estão, elas simplesmente parecem normais, como deviam ser.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre retrovisores, velocidade e descontrole.

Mudar. Mudar de casa, mudar de vida, trocar de amores. E eu mudei. Pintei o cabelo, comprei roupas novas, troquei o endereço, andei com pessoas desconhecidas. Eu deletei emails, exclui de redes sociais, jurei amor eterno e planejei casamento, e mesmo assim, não te mudei todo, não te tirei de mim. Acho que talvez seja a única coisa que eu nunca vou conseguir mudar:  um amor novo, não te faz deixar de amar todos os antigos. O coração vai se compartimentando, criando espaços, se dividindo, até que você se vê em encruzilhadas pelas quais já passou, mas insiste em rever. Retrovisar. Não me entendam mal, querer rever, não é querer reviver. Mas se não é pra reviver, pra que se ater? 


"Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe... que coisas são essas."
(Amém - OTM)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mais fragmentos de mim

Estou em processo de mudança. Mudança de casa, a minha ficou pronta, mas acima de tudo, mudança de vida. Eu que sempre achei legal ser complicada e despedaçada, mais uma vez estou tentando me reconstruir, criar uma nova imagem de mim mesma que me permita ser menos complexa mas mais feliz. Não sei aonde essa estrada vai me levar, pode ser que a felicidade eterna ou a um tombo ainda maior, mas preciso me dar uma chance: minha maturidade pede compreensão, pede paz, pede aconchego. E é isso que eu quero: que pessoas amadas em quem me aconchegar.
Quero dias de chuva sob os edredons novos, mas também quero manhãs de domingo no parque. Todo dia eu mudo, e a cada dia procuro um equilíbrio que não pode me ser dado por outras pessoas, mas que eu também não conseguiria encontrar sozinha.
Hoje, é dia de limpeza: estou limpando meu email, e também a minha vida, deletando fantasmas, antigos relacionamentos, palavras que já significaram muito pra mim, mas que sempre foram vazias, mesmo quando escritas com tanto sentimento. Estou também me limpando, quero mais do que nunca a chance de ser feliz, o que só vou ter quando parar de querer só o que já passou. Deletar emails é uma metáfora, a parte mais fácil, mas é assim que eu consegui começar. Antes de me condenar, espero que tentem me compreender.


"Quem me dera amarrar meu amor quase um mês
Mas escuta o que dizem as pedras do cais
Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto
Transbordava a baía com todas as forças navais
Minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas
Volta não, segue em paz..."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fragmentos da minha infância

Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
Voou, voou, voou, voou
E a menina que gostava tanto do bichinho
Chorou, chorou, chorou, chorou

Sabiá fugiu do terreiro,
Foi cantar no abacateiro
E a menina pôs-se a cantar
Vem cá, sabiá, vem cá

A menina diz soluçando,
Sabiá estou te esperando,
Sabiá responde de lá,
Não chore que eu vou voltar...


Outras das minhas cantigas de ninar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fragmentos da minha infância



- ”Vamo” apanhar as conchinhas, na praia junto do mar.
- Mamãe é muito assustada, e não nos deixa brincar.
- Pois então eu irei sozinha, brincar sozinha também, sou forte, sou corajosa, não obedeço ninguém.
Lá foi a louquinha correndo, pra praia, junto do mar.
A pobre mãe ficou triste, sentou-se, pôs-se a chorar.
De manhã, por sobre as ondas, boiava morta a filhinha
Tomai exemplo, criança, dessa infeliz coitadinha!

Corruptela  de uma poesia famosa embora anônima, que minha mãe me cantava para ninar, e antes a mãe dela cantou.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Andei pensando sobre como grande parte da minha vida se resume a esperar ônibus.


   
   Sentada, observava todos os ônibus que chegavam e saiam sem saber de sua ansiedade. Quieta, estava alheia a multidão animada. O coração batia descompassadamente, ora muito rápido com frio na barriga, com a certeza de que aquele era o tão esperado ônibus, ora quase parando de bater com medo de que ele tivesse mudado de ideia e não viesse.
    As horas passavam lentamente, e ela naquela doce tortura, esperando aquele ônibus como quem espera a felicidade eterna, que chegaria com hora marcada. Esperou, esperou, esperou durante horas e quando estava cansada de esperar se regojizou com a ideia de que quando ele chegasse toda a aflição iria embora e ela ficaria finalmente em paz. Foi quando, olhando para mais um dos vários onibus que vira chegar e sair sem trazer-lhe a alegria tão desejada, viu-o, parado, sorrindo.
    Andou até ele quase mecanicamente. Sentia as pernas tremerem. Mãos geladas, a voz sumiu. Os olhos dos dois se encontraram e ela ficou como que hipnotizada. Os braços dele a envolveram e todas as dúvidas desapareceram: naquele momento, era ela a pessoa mais feliz do mundo. O calor voltou ao seu corpo e aos poucos la foi relaxando.
    Estava tranquila e sorridente: estava com ele outra vez.

Andei perdida na noite

   
   Ontem a Lua estava linda, brilhando forte. O céu claro e o frescor da noite após todo o calor do dia fizeram impossível para mim permanecer em casa. Levantei de mansinho após o amor e deixei você sonhando com dias melhores. Senti não poder acender um cigarro: isso me ajudaria a colocar em ordem os meus pensamentos, e me daria algo para fazer naqueles instantes de quietude, tão raros hoje os momentos que tenho para mim.

    A medida que fui caminhando por aí, deixei minha mente divagar e vieram a tona todos os sentimentos dos últimos dias, com os quais ainda não sei como lidar. É na noite que eu sou livre, e onde me sinto mais viva e não me é estranho o fato de só ali eu conseguir me mostrar como eu sou: quando todas as outras pessoas dormem e eu me encontro sozinha, não preciso ser nem a namorada, nem a amiga e nem nada do que esperam de mim o dia todo, e é então que sou mais feliz.

    Caminhei por toda a cidade e durante todo o passeio não te pude deixar sair do meu pensamento: mesmo sabendo que você provavelmente não passará outras noites perdido por aí, andando comigo, é bom saber que por um tempo eu tive alguém que me entendeu e de certa forma me acompanhou, nessa jornada sem fim que a vida me parece...

    De dia, eu não posso te conhecer e parece que não te reconheço atrás de tantos amigos, tantos sorrisos, tantas alegrias que me parecem tão falsas. É a noite que te encontro, mesmo quando você não está comigo, e lá descubro que nós talvez sejamos parte da mesma pessoa, pois não existem por aqui outras duas almas tão dispostas a procurar (ou fingir procurar) a felicidade e com tanta certeza de que nunca irão encontrar como nós dois.

   Quando finalmente voltei para casa, sem você para me mostrar o caminho dessa vez, deitei e dormi como as pedras e então foi você que eu encontrei nos meus sonhos: distante, sério, mas me olhando como sempre, como se soubesse exatamente tudo o que eu penso ou sinto...
    Não pude escolher dessa vez trocar o rumo dos meus pensamentos, afinal, é na noite que eu sou livre.

Ando relendo meus textos de adolescente

Pra cada palhaço, um circo.


   Mas o circo perdeu o glamour, e o palhaço anda sem graça, sorrindo sem querer e sufocando a vontade de chorar.
   Eu fico em maior desvantagem ainda no picadeiro: nunca fui boa em física e sempre choro de rir: alegria-dor-alegria-dor, tudo junto. Quisera eu saber colocar pra fora tudo o que eu sinto e nem um milagre seria suficiente pra o conter.
   Nada mais é glamouroso hoje em dia, os palhaços usam tanta maquiagem é pra esconder a dor e a contorcionista faz tempo só se apresenta drogada que é pra não sentir seu corpo, não sentir nada. Quanto placebo! Milagres são o meu, cada um escolhe algo. 
    Eu não acredito em nada, mas estou tentando desesperadamente acreditar pra ver se encontro um porque continuar me apresentando, afinal de contas a arquibancada tá quase vazia, mas ainda tem algumas pessoas com tomates na mão, e outras esperando a hora pra levantar e aplaudir o ridículo espetáculo da minha vida.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ando ouvindo muito "Eleanor Rigby" dos Beatles

"All the lonely people, where do they all come from?"



Eu sempre me identifiquei muito com Eleanor Rigby. Na adolescência, cheguei a me apropriar de seu nome como meu apelido, e cada dia que passa, me sinto mais e mais próxima desse codinome. Uma vez alguém muito querido me perguntou se eu iria ao seu enterro, pois tinha muito medo de morrer sozinho e ninguém ir ao enterro. Fiquei incomodada com isso, e em certos dias me dói - quem iria ao meu enterro? Quem me faria um memorial, ou falaria bem de mim? Eu sou por natureza solitária, embora me sinta sociável às vezes na maior parte do tempo eu preciso de solidão - dos meus livros, das músicas, do meu tempo, de me ouvir. Mesmo porque meu gostos, manias e gestos me afastam gradualmente da maioria das pessoas, e sempre foi assim. Será que em alguns anos vou me arrepender desse tipo de comportamento? Será que morrer sozinho é mais triste do que passar a vida inteira solitária - por escolha própria? Quem seria Eleanor Rigby? Será que houve escolha em toda a sua solidão?  A que lugar pertencem as pessoas sozinhas -  a algum lado obscuro da sociedade, ou será que no fundo estamos todos sozinhos? Será que nós nos preocupamos com alguma solidão além da nossa própria?

Lendo um artigo do Daily Mail sobre Eleanor Rigby, achei um parágrafo com o qual me identifiquei imediatamente e não vou explicar o porque, acho que pra quem me conhece é bem óbvio: 

"But as the years went by and her schoolfriends married and started families of their own, Eleanor's existence became more solitary, and she was forced to eke out a living by helping her mother, a laundress."

Eu sempre tive medo de morrer solteirona e sem filhos, mesmo que eu na verdade não os queira ter: talvez seja vaidade da minha parte, mas é difícil pensar que a única coisa que sobraria da pessoa que eu sou, em cem anos, seria um nome e uma data em uma lápide, que provavelmente não causaria sentimentos em ninguém. Eleanor Rigby foi eternizada, mas ninguém sabe de verdade quem ela foi: se sofreu, amou ou como viveu. A única certeza que se tem é que morreu sozinha - talvez da forma que todos nós morremos.

"So it seems that the only memories remaining of Eleanor Rigby are a few scraps of paper, an old, long-forgotten school textbook, and an iconic gravestone."

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tenho pensado em flores mortas.



    Tenho pensado em flores mortas. Por que será que elas são tão recorrentes na literatura e na música? O que significa dar flores mortas a alguém?É exatamente o que vem me incomodando: devo ser algum tipo de recorde mundial em ganhar flores mortas, de ex-namorados, amores platônicos ou amigos de sangue.

    Acho que flores representam tudo o que há de delicado, bonito e prazeroso no mundo, mas ao mesmo tempo trazem implícita a ideia da efemeridade das coisas: de uma orquídea você cuida o ano todo para ver florir uma única vez. Talvez por isso essa obsessão com a morte delas: nos faz lembrar de como nós, seres humanos, podemos ser bonitos e frágeis.

    Flores mortas não perdem a sua beleza, ao contrário, ela possuem algo característico: mesmo perdendo pétalas e desfalecendo, ainda conseguem encerrar em si perfume, e se não guardam a cor original preservam um tom amarelado que pode nos fazer lembrar de coisas passadas, de ventos e chuva de outros lugares.

    Elas me confundem também, pois mostram que mesmo o que é puro, simples e belo pode ser maculado, por uma tesoura, ou pelo tempo....


“Trouxe flores mortas pra ti
Quero rasgar-te e ver o sangue manchar
Toda a pureza que vem do teu olhar
Eu não sei mais sentir”

(Legião Urbana – A Tempestade)

“Parece até que é bruxaria
Flores mortas que eu dei à você
Flores mortas sob todas as portas
Você sumiu e ninguém sabe o porquê”

(A Trilha – Flores Mortas)


“Tenho a memória de tudo que existe
Tudo que é triste e alegre ou não
Eu guardo as flores mortas na sala
Eu faço sala pro tempo”

(Zeca Baleiro – Amargo)



“Ela nunca pareceu
Do tipo que manda flores mortas
Paraíso que escolheu
Muito vivo, mas só por trás das portas”
( Skank – Ela desapareceu)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Brincando de estilista!

      Passeando pela internet hoje eu descobri o site da LACA, e estou me divertindo muito! Nem todo mundo nasce com o dom da Nany, e pode desenhar e fazer as próprias roupas, mas aqui é você quem cria a sua, escolhendo o tecido, o modelo, e adicionando detalhes, amei! Acho legal a iniciativa de permitir ao comprador personalizar a roupa, principalmente porque na enorme maioria das vezes, é você quem tem que se adaptar às roupas de uma determinada marca (o que muito me enerva já que como eu sou gordinha dificilmente acho exatamente o que quero no tamanho que preciso, mas isso não vem ao caso agora). O inconveniente que eu vejo é o preço, salgado para os meus padrões, mas nada impede você de imprimir o modelo que criou e levar para uma costureira perto de você. Aposto que com o tecido e a confecção, você não gasta nem metade do valor!

Esse closet ai embaixo não é meu, mas dá pra vocês imaginarem o que dá pra criar :)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tenho navegado e me re-apaixonado pelo meu namorado

   Há tanto barulho no mundo, e ainda mais dentro de mim. Em oposição, o Júnior é silêncio e tranquilidade. Na minha caótica existência, é o oásis de segurança e conforto que me mantém sã, amarrada ao sossego do seu peito, e ao carinho das suas mãos leves no meu cabelo. Onde todos os meus relacionamentos me deram lágrimas exaltadas, cenas dramáticas e fogo, ele é o elemento apaziguador, que me faz querer mostrar o que de bom eu posso ser. Mais do que saber como tratar meu corpo, ele me permite sossegar a alma e acreditar... Acreditar em felicidade, compaixão, em ter alguém com quem dividir minhas horas mais sombrias.
   Meu amor por ele me faz sentir piegas e antiquada, dá vontade de nos trancar em um lugar só nosso e deixar todo o resto de fora - as dúvidas e medos, os ruídos e vozes que quando ele está longe insistem em dizem que eu nasci para o som e o caos.
   O Júnior sempre foi o navio em silêncio, deslizando pelas ondas turbulentas do mar que eu sou.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Andei lendo Darwin Awards – Os campeões da idiotice

“Se tudo mais falhar, a imortalidade sempre pode ser garantida graças a um erro espetacular”
John Kenneth Galbraith




Essa é a epígrafe do livro de Wendy Northcutt, criadora do www.darwinawards.com que eu estou lendo no momento. Sou uma pessoa que muito se maravilha diante da capacidade do ser humano, como nosso cérebro é complexo e faz coisas impressionantes, porém, sempre notei também que o que ser para o mal, também pode ser usado para o mal: se a capacidade de desenvolvimento do ser humano é infinita, também é infinta sua estupidez. Pensando assim, procuro sempre descobrir a que extremos podemos chegar, e acreditem, quando se trata de morrer de forma idiota o ser humano é extremamente capaz!
Vamos dar uma olhada em alguns casos?
 
PRÊMIO DARWIN: UM PULINHO LÁ FORA

12 de abril de 2004, Holanda

“ (…) Para impressionar os dois amigos que ele levava de carona [ um rapaz de 19 anos que dirigia numa via expressa a 32Km/h] ele pretendia correr ao do veículo, saltar para dentro de novo e continuar dirigindo, mas assim que seus pés tocaram no chão ele tombou e bateu de cabeça no asfalto. Morreu no dia seguinte.”



PRÊMIO DARWIN: AFOGADO NA PIA

26 de maio de 2004, Áustria

“ O zelador ficou surpreso ao avistar as pernas de um cadáver para fora da janela da cozinha de um dos apartamentos térreos. A polícia encontrou a cabeça do morto afundada na pia, que estava cheia de água quente.
Pelo visto o austríaco desempregado deve ter bebido e usado drogas antes de voltar para casa na noite anterior e resolveu entrar em casa pela janela. O basculante estava entreaberto, deixando espaço apenas para ele espremer o corpo até a cabeça chegar a altura da pia antes de ficar preso. Enquanto se debatia ele deve ter ligado a torneira de água quente.
O que ninguém entendeu foi por que ele não desligou a torneira, ou tirou a tampa do ralo, ou por que ele não entrou pela porta como todo mundo, já que suas chaves estavam em seu bolso”.



PRÊMIO DARWIN: PERDENDO A CABEÇA

3 de outubro de 2004, Romênia



Radu, de 67 anos não conseguia pregar o olho a noite por causa da barulheira feita por um único galo na vizinhança. (…) Até que uma noite decidiu que aquilo precisava terminar. Levantou da cama e saiu de cuecas mesmo para o quintal. Tonto de sono, Radu agarrou o maldito galo pelo pescoço e cortou fora sua cabeça. Só depois de consumado o ato ele se deu conta de que tinha agarrado o próprio pênis pela abertura da cueca ao invés do pescoço do animal. Enquanto ainda estava paralisado pelo choque, um cachorro que estava por perto aproveitou para agarrar o lanche inesperado e devorá-lo na hora”.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Andei assistindo " Minhas adoráveis ex-namoradas"



Eu queria falar um pouquinho sobre as pessoas que “traduzem” os títulos do inglês para o português: será que se eu fizer um apelo elas passam a pensar um pouco no conteúdo do filme antes de nominar? O filme na verdade não fala das ex-namoradas de Connor, na verdade, ele vai reconstruir o único relacionamento que ele teve de verdade. As ex-namoradas “fantasmas” (o título em inglês é The Ghosts of Girlfriends Past) servem para analisar os erros passados com a amiga de infância. Eu particularmente achei o personagem do tio dele impagável, me lembro daquele velhinho da playboy, qual mesmo o nome dele? O filme é leve, divertido, com um fim bobinho, onde o mocinho fica com a mocinha, como previsto. É um bom jeito de passar o tempo e dar umas risadas, recomendo :)




O fotógrafo Connor Mead (Matthew McConaughey) adora liberdade, diversão e mulheres. Um solteirão convicto! Às vésperas do casamento de seu irmão, Connor recebe a visita dos "fantasmas" de suas ex-namoradas que o levam a uma hilariante odisséia, visitando seus desastrosos relacionamentos do passado, presente e futuro! Juntas tentarão descobrir o que transformou Connor num idiota insensível e se ainda há esperança dele encontrar o verdadeiro amor.



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Andei assistindo "Encontro de casais"



Sinopse:

'Encontro de Casais' conta a história de quatro casais que vão passar uma temporada num resort tropical e acabam se deparando com problemas nos relacionamentos, desde os mais complicados aos mais inusitados. Enquanto um dos casais está ali para realmente encontrar uma solução no casamento, os outros percebem que participar das sessões de terapia oferecidas não são exatamente uma opção no pacote.



Assisti a esse filme ontem a noite comendo pizza e até que foi divertido: não achei muito engraçado, embora tenha algumas cenas com humor exagerado, tipo um homem gordo e negro pego sem cueca por várias pessoas, um menininho que vai a uma loja de material de construção com os pais e usa os vasos do mostruário ou marmanjos fazendo campeonato de Guitar Hero. Foi um bom jeito de passar o tempo e só, esperava mais já que tinha visto o trailer e estava super animada. No geral, achei legal as análises dos relacionamentos, dá pra aplicar bastante coisa no nosso dia a dia. A cena final, onde o mestre atribui um animal para representar cada casamento poderia ter sido melhor explorada, mas ainda assim é interessante: um lobo para o casal orgulhoso que foi feito para ficar junto desde jovens; o asno para o casal forte e que carrega nos ombros o problema um do outros, mesmo a custa de teimosia; a abelha para o casal que andou de flor em flor mas escolheu voltar para a colmeia, e tinha um coelho também, que eu não lembro que significava, se alguém quiser ajudar!

Andei assistnido "Novidades no amor"



Vocês devem ter percebido que eu só ando vendo filmes de mulherzinha né?! Eu adoro comédia romântica: te dá um gosto bom na boca, tudo sempre acaba bem e você consegue passar um bom tempo sem pensar – que é uma coisa que eu muito almejo no momento, já que se paro pra imaginar o tanto que eu to devendo e mais uns probleminhas por ai tenho vontade de sair correndo e gritando...
Eu vi o trailer desse filme já faz um tempinho e achei que parecia divertido, peguei esperando boas risadas. Vamos dar uma olhada? Vem comigo! (#KatyleneFeelings)
Após um divórcio agitado, Sandy (Catherine Zeta-Jones) uma bela quarentona com dois filhos, resolve recomeçar a vida em Nova York. Entre o novo trabalho, as crianças e a academia, Sandy não tem tempo para nada. Quando contrata, Aram (Justin Bartha) um rapaz de 24 anos para ser "o" babá das crianças, sua vida dá outra reviravolta, pois Aram parece ser tudo o que Sandy precisava, ele traz novidades, a faz se sentir jovem, bonita e valorizada. Mas, ao mesmo tempo Sandy, vive a insegurança desta nova relação. A partir daí começam as maiores confusões quando ela tenta ficar com um cara bem mais novo e cuidar das crianças ao mesmo tempo.

Eu achei que o papel de Sandy poderia ter sido melhor elaborado, de forma que garantisse maiores risadas, pense bem: uma mulher que parou de trabalhar pra cuidar dos filhos e da casa, ficou anos fora do mercado, consegue um emprego na primeira entrevista? Claro que consegue, se ela for a Catherine Zeta-Jones ¬¬ Outra coisa mal-explicada: se ela se muda para Nova York depois do divórcio, como a melhor amiga dela já está lá pra continuar presente?
Sobre os demais personagens, o papel do ex-marido dela também é inexpressivo: nem pra conviver com os filhos, nada do gênero, não causa grandes problemas, é apático. A filha merece destaque: a atriz mirim fez um ótimo trabalho ao representar a menina mais madura do que a sua idade e levemente pentelha, o filho é um show a parte – um desajustado meio bobalhão mas que cria empatia.
Eu tenho que falar que o Justin Bartha (que eu nunca tinha visto mais gordo) embeleza o filme, lindo, cara de bom moço, feito pra casar na medida, quase que também me apaixono por ele: quem não quer alguém charmoso, sensível, idealista e que ainda tem jeito com crianças? Os pais de Aram são um show a parte, a cena mais engraçada na minha opinião é quando o pai conta sobre sua futura cirurgia de hemorróida para as crianças.
O mais decepcionante no filme foi a passagem de cinco anos: musiquinha tosca, umas cenas bonitas e e tal, mas deu a impressão de que o filme tava muito longo e perdido, precisavam de um jeito – qualquer jeito- para terminar. De qualquer forma, vale a pipoca.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Andei assistindo "Baby Love"



Antes de falar sobre o francês “Baby Love” preciso esclarecer que às vezes eu sou burra feito uma porta: como na primeira vez que pedi um filme ele demorou 4 dias para chegar, fiz logo um outro pedido no mesmo dia em que eles chegaram. O que aconteceu então? Não consegui assistir o terceiro filme, “Simplesmente Complicado” que vou ter que pedir de novo em outra ocasião. Como se não fosse suficiente, fiz isso mais uma vez, o que significa que apesar de pegar seis filmes, só consegui assistir quatro, e vou ter que pegar “A Rainha” de novo também! Enfim, vamos lá ao filme #3!


Emmanuel(Lambert Wilson) e Philippe formam um casal quase perfeito. O único problema é que o primeiro sonha em ser pai, mas seu companheiro não quer nem pensar em criança. Mesmo assim Emmanuel decide se arriscar, sob pena de perder o amor de Philippe. Mas maior desafio mesmo é saber como e com quem Emmanuel fará um filho uma vez que ele é gay.

Achei o filme supersensível, como era necessário para tratar um assunto tão polêmico quanto a adoção por casai homossexuais: o personagem de Lambert Wilson é maravilhoso: você consegue perceber a ânsia do pediatra por um filho, assim como fica nítida sua determinação. Outra vez, no entanto, e apesar de todas as cenas engraçadas que o filme contém, ele deveria ter sido caracterizado como drama é não como comédia. A atriz que faz a Fina, Pilar Lopez Ayala, também é um achado: suas expressões faciais são tão boas que fica óbvio que ela se apaixonou por Manu muito antes de isso ser explicitado. O personagem de Philippe foi pouco explorado, mas ao mesmo tempo dá uma coisa boa vê-lo se transformando de bom vivant convicto em apaixonado pela filha. Talvez os dramas de Cathy, amiga apaixonada por Manu, pudesse ter sido melhor apresentado, mas no geral, é um bom filme, com um final ( de novo o final!) muito clichê: todo mundo bem, feliz, conseguindo que quer... Apesar de ser piegas, talvez seja um bom jeito de se dar esperança a todos os casais homossexuais que pensam em adotar. Uma coisa que me ficou encucada foi, e talvez alguém possa me esclarecer: é mesmo proibida a adoção por casais gays na França? Até hoje? O filme é de 2008.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Andei assistindo "Armadilhas do amor"


Tem coisa mais gostosa do que passar um domingo a noite na cama com alguém de quem você gosta, vendo uma comédia romântica abraçadinho e falando besteira? Se existe, eu ainda não descobri. Não me levem a mal, não é que eu não goste de balada nem anda disso, mas eu sou em essência uma pessoa caseira, principalmente com esse frio e chuvinha que vem caindo em Poços de Caldas.


Louise (Meg Ryan) e Ian (Timothy Hutton) são casados e já passaram dos 40 anos de idade. Ela só pensa no trabalho. E ele, que ganha menos do que ela. Resultado? O casamento vai mal das pernas e ele se abre para contar que engatou num romance com alguém mais jovem (Kristen Bell). Crise do relacionamento, da idade, do amor. Agora não tem mais jeito e Louise decide que vão ter que discutir esta relação de qualquer maneira, nem que para isto tenha que amarrá-lo e transformar o fim de semana num caldeirão de emoções e confusões.

Apesar de terem classificado o filme como comédia, a verdade é que se trata de um drama sobre uma crise no relacionamento, que o personagem principal acha que pode resolver substituindo a mulher com quem é casado há 13 anos por outra, as cenas mais engraçadas ao longo do filme na verdade são as menos pretensiosas, aquelas que refletem a fragilidade e o ridículo a qual todos os seres humanos estão submetidos. As cenas do assalto são exageradas e completamente inverossímeis mas também muito divertidas. Uma coisa que eu destacaria no filme é o papel de Timothy Hutton: ele é tão convincente no papel de marido diminuído pela importância e ausência da esposa que apesar de ser eles quem está traindo, acabei sentindo pena dele.
O final, e não sei qual o problema eu ano tendo com finais, é muito forçado: tudo cor de rosa, uma criança (que ninguém explica como apareceu na história já que a protagonista é estéril), a amante desaparece como se nunca tivesse existido...
Espero que não me julguem mal por um final absolutamente feminino dessa análise, mas quem falou pra Meg Ryan que ela ficaria bem de cabelo cumprido, mentiu absurdamente. E, cá entre nós, só eu acho que a Kristen Bell é meio vesga?!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Andei assistindo "Sherlock Holmes"


É engraçado como minha família sempre foi diferente da maioria que eu conheço, e como eu gosto disso! Por exemplo, em uma sexta-feira a noite, o que estariam fazendo pessoas de 12 , 15, 17 e 23 anos respectivamente? Balada? Restaurante? Passeio no Shopping? Meus irmãos e eu estávamos todos embaixo das cobertas com pipoca e chocolate no gatilho, prontos pra assistir meu primeiro “blockbuster”: Sherlock Holmes. Do que se trata?





Em fins do século XIX, Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) é um detetive conhecido por usar a lógica dedutiva e o método científico para decifrar os casos nos quais trabalha. O Dr. John Watson (Jude Law) é seu fiel parceiro, que sempre o acompanhou em suas aventuras, porém esta situação está prestes a mudar, já que Watson pretende se casar com Mary Morstan (Kelly Reilly) o que não agrada Holmes, que não deseja o afastamento do colega.O último caso da dupla envolve Lorde Blackwood (Mark Strong), por eles presos ao realizar um ritual macabro que previa o assassinato de uma jovem, além de ser acusado de ter matado quatro mulheres, tendo fama junto a população de ser um poderoso feiticeiro. Ele é preso e depois condenado à forca, mas misteriosamente é visto deixando o túmulo onde seu caixão foi deixado. Holmes e Watson são chamados para solucionar o caso e logo ele se torna um grande desafio para o detetive, que não acredita em qualquer tipo de magia. Em meio às investigações há o retorno de Irene Adler (Rachel McAdams), uma ladra experiente por quem Holmes tem uma queda.


Vamos lá à minha opinião então: o filme começa muito devagar, eu diria que os primeiros 15 minutos são tão chatos que eu quase não resisti, já ia trocando de dvd quando o negócio começa a pegar ritmo e ai embala. Achei o filme bem humorado, daqueles que a gente assiste pra passar o tempo quando tá bem, sabe? Um coisa intrigante: tive a impressão de que o papel do Watson tem bem mais destaque do que o do Sherlock em si, e ao mesmo tempo, o papel de Mary ficou meio jogado, acho que poderia ter sido mais bem explorado. O ator que faz Lorde Lockwood o deu um toque meio gay, que talvez seja produto da minha mente fértil...


Não sei se vocês assistem séries como eu e pode ser que vocês achem minha comparação meio absurda, mas achei que a relação Watson x Holmes é muito parecida com a de House x Wilson: o Holmes, assim com House ( e repare que até os nomes se parecem), é descrito como excêntrico e desajustado, embora genial, o que exige de Watson/Wilson um papel de babá, sempre vigiando e mantendo o outro dentro dos limites aceitáveis de anormalidade.

Que mais? Achei o final meio abrupto, embora entenda que ele dê margem para uma continuação, que não deve demorar a sair.