segunda-feira, 30 de maio de 2011

Servir em Silêncio



Ao mesmo tempo em que trabalho a ideia fixa de que meu corpo é meu templo, que deve estar bem nutrido e saudável, e não um objeto de descarrego de frustrações e excessos, trabalho também a minha atividade mental: eu tenho um defeito muito grande que estou tentando controlar, sou uma fofoqueira em recuperação. Será que existe um "Fofoqueiros Anônimos"? Eu queria que existisse, para poder conversar realmente com as pessoas sobre isso, sem recriminações ou olhares tortos. Eu simplesmente adoro a vida dos outros: não sou do tipo que deseja mal, nem torce para o outro incorrer em erros, mas eu adoro fazer parte, saber o que está acontecendo, mesmo na vida de completos desconhecidos – não é exatamente o que nós fazemos quando lemos um blog? Sabemos dos problemas, anseios e do cotidiano de pessoas que de outro modo nunca conheceríamos - uma forma de voyeurismo, acho eu. O que eu comecei a perceber é que essa curiosidade natural acaba por me prejudicar muito, eu sempre sei mais do que devia, muitas vezes sobre coisas realmente sérias e que eu preferia não saber. Assim, estou me trabalhando para não ouvir, não falar e não repetir informações que não sejam relacionadas à minha vida: peguei aquela historinha sobre as três peneiras para seguir, sabe?! Se não, eu explico: antes de falar qualquer coisa, eu penso se essa fala passaria por três critérios, a saber a veracidade (é verdade?), a bondade (eu gostaria que falassem isso de mim?) e a necessidade ( eu preciso MESMO falar isso, nesse momento e para essa pessoa?). Como eu disse no post anterior, às vezes eu erro, mas recomeço no dia seguinte, pedindo por força e tolerância, rezando para que eu mesma me torne mais forte, e que eu consiga distinguir o que deve ou não ser falado. O pior é que quando a gente não quer falara mal dos outros, começa a se sentir excluído, ou sem assunto – ou isso ou a maioria das pessoas com quem eu convivo são medíocres, que só sabem falar da vida dos outros. Às vezes, quando você tomar uma decisão desse tipo, a solidão é uma boa companheira e só a fé na melhora que isso pode trazer pra mim mesma me mantém firme nesse propósito. Quando fica difícil pensar bem do meu próximo - as vezes as pessoas realmente não colaboram – eu uso uma frase que eu mesma criei e que tem sido bastante útil: "posso não controlar o que eu penso, mas controlo o que eu falo". Espero que vocês não me deem sermões puritanos sobre como é feio falar da vida dos outros, eu já sei disso tudo e posso, eu mesma, me dar sermões inacreditavelmente bons. Se juntem a mim no meu mais novo lema: servir em silêncio.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Equilíbrio distante



"Dança na corda bamba

De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar..."

Criar mantras: é o que eu tenho tentando fazer para melhorar minha qualidade vida. Tentar manter meu padrão cerebral sempre elevado, "O segredo", pensamento positivo, enfim, pensem o que quiserem... Tenho tentado acima de tudo encontrar um equilíbrio que me permita ter um padrão de vida calmo, centrado e alegre. Eu sempre fui uma pessoa de exageros: comi muito, namorei muito, bebi muito, li muito... Viver a vida em excessos tem consequências excessivas (!) , das quais tenho tentado me livrar: peso em excesso, drama em excesso, preocupação em excesso, culpa em excesso. Nada que faça bem ou feliz. Eu ainda não "paguei" por alguns atos passados e estou sempre preocupada com a possibilidade de meus fantasmas virem fazer uma visita, mas tenho tentado me livrar desse tipo de medo pra viver mais leve – se pensamento atrai, é melhor não dar chance ao azar, e, se isso for baboseira esotérico-religosa, é melhor me dar a chance de ser feliz, mesmo já tendo errado muito. 
É um lugar-comum dizer que ninguém pode voltar atrás, mas é sempre bom lembrar que nós temos o poder de mudar, de escolher sermos outras pessoas, de evoluir, criar valores e laços novos – e de não cometermos os mesmos erros. E é isso que eu proponho: minha primeira ideia é trabalhar minha relação com a comida. Estou tentando deixar de pensar nela como lazer – e prazer - para ver como uma forma de nutrir meu corpo apenas. Às vezes, cometo deslizes: no sábado, comi três pedaços de pizza e passei mal a noite toda, mal estar físico, meu estômago já tem se acostumado a receber porções suficientes, porém menores. Não desanimo: exagerei no sábado, no domingo volto a tentar, sem desanimar, me culpando o mínimo possível – quero me ver como aprendiz, e como tal, sujeita a erros e desvios, só não posso me perder nesse caminho que eu mesma escolhi trilhar. E eu posso ainda estar avançando a passos leves, com um equilíbrio de um bêbado deprimido, mas uma hora ou outra, eu deixo a corda bamba.

sábado, 14 de maio de 2011

Quando a vida começa a pesar

 

Eu sempre fui gordinha. Não adiante, talvez na infância eu tenha tido umas pernas mais cumpridas e finas, mas a verdade é que desde os meus 12 ou 13 anos, eu sempre estive acima do peso. Engraçado que eu achava que estava enorme quando comecei a usar 42... Se eu tivesse parado por aí, não haveria problema, a questão é que agora eu estou obesa, de IMC e tudo e preciso mudar minhas atitudes. Sabe aquela pessoa que simplesmente não percebe que engordou? Eu sempre me achei bem, e usei a teoria do "enquanto meus peitos estiverem maior que minha barriga, tá tudo bem", só que não está tudo bem: meu corpo não está conseguindo mais suportar meu estilo de vida. Tem coisa mais difícil de mudar do que nossos próprios hábitos e crenças? Eu adoro comer, como por prazer, é quase programa de fim de semana: churrasco, massas, tira gosto, chocolate, tudo o que eu não deveria, mas sempre pensei que o meu prazer vale mais do que estética. E vale mesmo, continuo não odiando meu corpo, nem fazendo muita questão de mudar, só que agora, o problema é minha saúde. Não se trata mais de desafiar a opinião alheia sobre o que é bonito ou não, não se trata de auto-estima ou satisfação pessoal: o problema em sí, diz respeito a trigliceres, colesterol e outras coisinhas irrelevantes mas que acabam afetando a qualidade de vida, como o fato de eu precisar perder 16 quilos para entrar na fase "sobrepeso". DEZESSEIS? Puxa, como eu engordei tanto e não vi?! Vai ver que o fato de nunca ter ligado a minha felicidade ao peso tenha colaborado, e o fato do namorido me preferir mais reconchuda não ajuda em nada - para vocês terem uma idéia, eu engordei 17 quilos depois que nós começamos a namorar, ele continua do mesmo tamaninho, e na mesma calça tamanho 40 rsrs
Hoje em dia, tem um grande movimento pelo respeito à individualidade,  e várias marcas antenas no "crescimento" da população já lançaram linhas especiais, as chamas "plus size", mas mesmo assim, comprar roupas é uma experiência aflitiva: quer um exemplo? Entrei em uma loja de vestido de noivas esses dias, antes de me dar bom dia a vendedora falou: 
-Não temos vestidos do seu tamanho!
Eu saí da loja esbravejando, colocando fogo pelas ventas como dizem por aqui, mas depois o que fica é um sentimento de mágoa. Me parece que a maioria das pessoas pensa que gordo é gordo porque quer. 
Gente! Emagrecer é uma coisa difícil e sofrida, ainda mais quando toda a sua genética vai contra e você prefere livros à esporte. Mas eu tenho me esforçado, juro. Estou fazendo uma reeducação alimentar, fiz matrícula no pilates, caminhada, drenagem linfática e até simpatia rsrsr Acho que estou no caminho certo: tentando mudar meus hábitos e a maneira de pensar, mas seria legal um pouco de simpatia. Namorido, magro como caniço, inventa todo fim-de-semana sanduíche, lazanha ou pizza. Me fortaleço quando consigo resistir, mas isso é tão raro... Acho que finalmente me convenci que dietas malucas não funcionam, ou passei da fase que conseguia enfrentar um dia inteiro só comendo abacaxi, e deu me livre da dieta da sopa!
Sabe o que fica mais complicado pra mim? Eu não me vejo mal! Quando olho no espelho, acho que eu pareço simpática e gosto do meu corpo, talvez eu tenha anorexia ao contrário, será que isso existe? Não enxergar quase vinte quilos a mais, só pode ser isso!Alguém já viu isso em outra pessoa? Mas alguém sofrendo com o excesso de peso? Me contem, me animem! rsrs

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Aonde fazer amigos?

Quando nós somos crianças, é fácil fazer amigos: na escola, na aula de ballet, no inglês, e até mesmo no parquinho, achamos sempre alguém que gosta de coisas parecidas ou quer fazer a mesma brincadeira. À  medida que vamos crescendo, no entanto, as coisas vão se tornando mais difíceis: surgem  as famosas panelinhas, nem sempre para incluir mas mais para excluir os diferentes ou os que gostam de coisas "anormais". Quando a gente cresce como um "outsider" se encaixar pode ser algo aparentemente impossível. Eis que eu passei por todos os estágios: tive amiguinhos de fazer bolinho de terra junto no parque, fiz grande amigas durante a infância que até hoje me são caras, apesar de não mais tão próximas, fiz amigos na faculdade (até encontrei um melhor amigo-namorido por lá"). Só que agora, meu círculo se estreitou: entre cuidar da casa, fazer supermercado, trabalhar oito horas por dia às vezes de manhã e às vezes à noite, inglês, pbde, viagens a constantes à uma cidade vizinha à trabalho, eu simplesmente não tenho mais tempo de me relacionar com as pessoas, o que me deixa sem opções - aonde então arrumar amigos? Já comentei algumas vezes que sou funcionária pública, o que basicamente significa que juntaram pessoas de formações diferentes, ideias diferentes, lugares diversos e que tem unicamente em comum o fato de terem estudado (ou terem sorte!) e entrado para o funcionalismo publico federal. De forma que eu saio com eles, bebo com eles, como com eles, mas não me sinto parte do "eles": o pensar diferente define o "ser" diferente, e assim estou sempre um pouco à margem - sou mais liberal, mais cabeça aberta, tenho menos preocupações de cidade pequena e até a minha criação foi completamente diversa. Senão no trabalho, onde mais fazer amigos? No grupo religioso? Só frequento às segundas-feiras esporadicamente e de uma forma que não favorece a criação de vínculos. Não faço nada além disso, não gosto de academia, não pratico esportes e não dá pra puxar papo na biblioteca (silêncio!) e nem no cinema. Cada vez que eu penso nisso, chego à conclusão de que meus melhores amigos serão sempre da minha família: de meus tios com quem eu posso contar para tomar um porre até me dar uma carona num dia inconveniente, aos meus irmãos com quem eu divido meus risos e lágrimas e que sabem mais de mim que provavelmente eu mesma. De fato, é bom saber que eu tenho pessoas com quem eu posso contar incondicionalmente, mas ultimamente tenho sentido falta de pessoas para conviver no dia-a-dia... Tenho um pouquinho de inveja dos amigos que possuem casais que saem juntos há anos, sabe como é? Viagem coletiva, bar no fim-de-semana, festa na casa de um, almoço na casa do outro. Então, talvez, seja melhor mudar minha pergunta: aonde arrumar companheiros? A menina aqui, que sempre fugiu das pessoas, de repente tá com vontade de interagir e não sabe como? Vocês ajudariam uma pobre eremita?