terça-feira, 5 de julho de 2011

E esse chão, esse mar.



Os anos voam, as horas se arrastam, e a gente nem percebe que mudou. Hoje, percebi que grande parte da melancolia que era parte intrínseca de mim desapareceu. Leio Florbela Espanca, e continuo a admirando muito, mas não faz mais sentido. Se antes, eu me via como alguém perdida e condenada à infelicidade, essa pessoa se foi, talvez com as horas de trabalho, com a falta de tempo para a solidão ou com a certeza do amor constante e calmo. Não ando tendo arroubos de lágrimas, e evito emoções extremas: acho que, assim como uma plantinha, a dor, se a gente para de regar, deixa de crescer. Antes, talvez, eu achasse que era a tristeza ou a suposta profundidade que me diferenciava das outras pessoas, agora, acho que descobri que não existe nada demais em ser igual. Talvez eu nunca vá ser “normal” no sentido estrito da palavra, mas consegui conter aquela ânsia de não-sei-o-quê e aos poucos, me sinto cada vez mais equilibrada. Pode ser que isso me custe uma parte, mas não vai custar quem eu sou: ser infeliz, assim como ser feliz, é no fundo uma questão de escolha. Eu tenho tentado escolher alimentar o futuro e matar a nostalgia de fome, nutrir de amizade a minha família ao invés de colegas desconsiderados, ler mais, assistir mais filmes, estudar mais, me focar mais. No fim, aos vinte quatro anos, descobri que o tempo passa muito rápido, e eu ainda quero fazer muitas coisas, então devo fluir como o tempo: constante, firme, inerente. Cansei das trevas, quero é ser luz: ser amor, paciência e benignidade. Acima de tudo, eu quero é me reconhecer nas palavras e situações da minha vida, chega de teatro ou drama, estou cansada de encenar papéis e vejo agora que ao invés ser menina de olhos tristes eu quero ser uma garotinha de comercial de bolachas: risonha, confiante e apegada à vida. Se me faltar profundidade, sinto muito, mas não me adiantaria de nada ser profunda como o chão do mar e ser com ele arrastado pelas ondas...

6 comentários:

Flor Baez disse...

Olá Mayara,
Realmente, o melhor que nós devemos alimentar é o equilíbrio. Nenhum sentimento extremo faz bem ao nosso coração, porque tudo se estabiliza em algum momento.

Lindo seu texto.

Com amor,
Flor

Arq. Danubia Farias disse...

Nooossa!! é bom ver que existe a luz no fim do túnel né, e que da sim p/ levar a vida de uma forma mais leve e descontraída...é isso que eu tbm busco p/ minha vida..apesar de as vezes parecer dificil continuo tentando.hehe.. PARABÉNS!!!

http://arqdanubiafarias.blogspot.com/

Adelaide Araçai disse...

Perfeitas as suas palavras, sabe que a tempos cansei-me do teatro, hoje me farto de conviver em ambientes bons e com pessoas que amo, a hipocrisia de ser formal.
Abraços

Anônimo disse...

May, texto perfeitooo!!!! ser "normal" pode ser muito legal sim...e ser luz, então, pode ser espetacular. beijos!

Anônimo disse...

Nossa Mayara! Que texto bom!
Sabe, não me considero infeliz, "mas tenho ainda muita coisa pra arrumar," como diz a música de Ana Carolina. Ainda não sinto que cheguei nesse bom entendimento comigo mesma, mas caminho rumo a isso. Fico feliz por vc!

Um bjo grande e uma ótima semana!

sandrafofinha disse...

amiga desejo tudo de bom para ti e desejo que sejas feliz. beijinhos e optima semana!! eu não me considero feliz porque sofro de depressão e nunca segundo o que me dizem nunca poderei arranjar emprego.... mas.... no entanto acho que sou uma pessoa igual as outras e me considero alegre de vez em quando!!