Já contei para vocês que trabalho em um ambiente muito diversificado, mas que engloba, em sua maioria, pessoas com valores e histórias de vida muito diferentes de mim. Ontem, conversando com o pessoal no boteco e tomando uma cerveja, é que tive dimensão de quão estranhos nós somos. Minha família, e a minha mãe particularmente, sempre foram muito abertos e companheiros: eu não consigo pensar em ninguém que seja mais meu amigo que meus irmãos, ou a dona Myrthes, que possui valores rígidos como a honestidade, ou a honra, e nos defende como uma leoa. Sabe aquelas mães que conhecem os defeitos dos filhos perfeitamente, mas que não admite que ninguém mais fale sobre eles? É a minha mãe. Às vezes, ela pode parecer um pouco conservadora, e algumas pessoas acham que ela tem cara de brava, mas dificilmente vocês vão encontrar alguém mais amoroso ou disposto a fazer o bem para os outros – mesmo que o custo pessoal para ela seja alto.
Eu divaguei contando das características dela, mas é para que vocês entendam uma coisa: na minha casa, a gente fala de tudo. Se por um lado, ela finge que não sabe que nós bebemos bem antes de fazer 18 anos, na frente dela ninguém tomou uma cerveja até essa data, ansiosamente esperada pelas três mais velhas, e ainda mais pela mais nova, que ainda não alcançou. No entanto, sexo nunca foi tabu lá em casa: nós falamos abertamente sobre o assunto, às vezes tão abertamente que as bochechas se avermelham, coisa que todas temo em comum. Nunca vou esquecer de quando minha mãe contou sua única experiência com lança perfume (que até hoje eu não sei se aconteceu ou se ela, sabiamente, inventou para nos deixar assustados) mas, não sendo drogas um tabu lá em casa, eu nunca cheirei lança, com muito medo de ter um ataque cardíaco rsrs Quando eu comecei a namorar, minha mãe se ofereceu para me levar a ginecologista, ou só para marcar, se eu assim preferisse, quando eu quisesse tomar anticoncepcional. Assim, não tem coisa que eu acho mais estranho do que gente que tem vergonha dos pais, que age como se não fizesse sexo, mesmo sendo casado há anos. Não precisar falar a respeito, se não se sente a vontade, mas dai a fingir que não se tem um corpo, ou que a mãe é virgem já é exagero. O resultado da abertura com que a minha mãe sempre tratou todos os assuntos, pelo que eu vejo, sempre foi positivo: ninguém lá em casa engravidou sem querer, nem teve dúvidas sobre menstruação, nós não somos pudicos em excesso, e não temos problema em mostrar o corpo.
Acho que é responsabilidade da minha mãe essa noção que nós temos de estarmos a vontade com o nosso corpo, e em consequência, com que nós somos e com o mundo. Nós todos somos brigões, damos a cara a tapa, corremos atrás do que queremos e tendemos a não ligar muito para o que as outras pessoas pensam: estando acima do peso ou não, usamos biquíni se quisermos, e quem quiser que não olhe. Nós fazemos o que queremos com o nosso cabelo, usamos roupas “estranhas”, falamos besteiras, e, acima de tudo nos defendemos. Cada um com as suas peculiaridades, a Nany com toda a criatividade, o dramatismo e o apoio, a Laryssa com sua calma silenciosa e amor incondicional, a Rayssa com a ousadia e o carinho, o Gustavo companheiro e sempre bem disposto a ajudar a todos, cada um deles é único, e sabe admirar a beleza da individualidade. Ter uma família assim, tão perto, sempre me deu a segurança de ser quem eu sou, pois sempre soube que mesmo que todo o resto do mundo não me entenda, eles sempre vão me amar.
6 comentários:
Acho que nada nunca definiria a nossa família como o título do seu post! Somos estranhíssimos e por isso somos perfeitos do nosso jeito.
Menina, adorei o seu post sobre os valores de sua família. Pelo visto, diálogo sempre existiu e um carinho enorme tb. Família é tudo e parabéns à sua mãe por educar os filhos da maneira que ela fez. Beijos
Oi Mayara, olha, na minha casa as coisas não são como na sua, na verdade, acho que poucas são. Falar de sexo assim tão abertamente deve ser legal, mas posso te dizer que nem consigo conceber como seria isso entre mim e meus pais. Tenho duas irmãs mais novas, e o diálogo sobre este assunto só acontece às vezes e de forma muuuuuito superficial. Acho isso chato.. Pra vc ter uma ideia, eu MORRO de vergonha do meu pai se estiver assistindo algum filme com ele e rolar uma cena de sexo. Acredite, em mtas famílias é assim. Mas eu pretendo ter uma relação muito mais aberta com meus filhos, qdo os tiver. Eu amo a minha família, nos divertimos muito juntos, minhas irmãs são minhas melhores amigas, mas o assunto sexo nunca nos deixou mto confortáveis.
Um beijo para a sua mãe. Adoro ela. Muito prazer! Estranha por estranha, adicione-me à lista!
Aliás, domingo mesmo eu estava comentando com uma amiga que nunca bebi escondido. Aqui em casa eu tenho que recusar fervorosamente. Minha mãe me apresentou à cerveja com um aninho de idade. Para ir acostumando. E sempre me recomendou cuidar do copo ao ir em bares ou ambientes estranhos, para ninguém adicionar nada a minha bebida. E não ficar namorando grudada em muros pela rua (o que é horrível, eu concordo). Dentre outras coisas, que vc pode imaginar. A verdade nua e crua, sem enfeites. A melhor eu nunca esqueci, aos 3 anos: papai noel não existe, é uma mentira que inventaram para enganar as crianças. O engraçado é que ela não lembra de me ter dito isso. Até hj, não há mentiras entre nós.
Vc conseguiu o presente para a sua amiga?
Bjs.
Linda a forma como descreve sua família, com tanto amor. Olha na minha casa também somos estranhos assim...rsrs Eu já levei minha filha a ginecologista para ela ir se acostumando para quando quizer ir sozinha... e quanto a bebidas e drogas ela já está avisada que se me avisar e fizer m casa caso dê um rebote eu saberei o que falar ao leva-la ao pronto socorro. Sexo!! isso é tradicional, ela fala:
- As mães dos meus amigos são virgens, só você que não é...rsrs
Que sua familia permmaneça unida com esse amor maravilhoso entre todos.
Muita Luz e Paz
Abraços
Mayara, sua linda! Eu nem sabia que era uma mãe assim...perfeitamente estranha!!!
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