Eu sou uma pessoa muito ciosa da minha privacidade. Pode não parecer assim, desnudando minha alma aqui no blog, mas essa é minha válvula de escape. No cotidiano, consigo falar milhares de coisas a centenas de pessoas, mas nunca as que me preocupam, incomodam ou chateiam de verdade, e muito raramente para os causadores de minhas angústias. Por ser assim, eu costumo ficar muito sozinha: como na maior parte do tempo eu gosto de me manter isolada das pessoas, o efeito colateral é ficar, às vezes, sozinha em momentos em que eu gostaria de ter outros por perto. Em geral, por exemplo, eu gosto de passar o fim de semana em casa, com meus gatos, meu marido e meus livros. Assim, não costumo fazer planos com outras pessoas e, quando me bate aquela vontade de tomar uma cerveja e jogar conversa fora, não tem com quem. Isso tem se exacerbado no último ano, marido e eu estamos cada vez mais isolados do mundo "real" e na maior parte do tempo isso não me incomoda, mas às vezes, só às vezes, eu sinto falta de conversar com outras pessoas que não ele. De vez em quando, então, eu resolvo que vou cultivar minhas amizades, chamar alguém para um café ou qualquer coisa do tipo: só que então, eu me sinto deslocada. Como se não soubesse sobre o que conversar ou como agir, o que é normal. Então volto rapidinho para a minha redoma.
O fato é que a culpa do meu isolamento não é bem do meu casamento: eu sempre me senti bastante deslocada e sempre foi difícil me enturmar. Além disso, crescer pode ser algo bastante solitário: de casa para o trabalho, para o estudo, para o supermercado... Penso que o ritmo é feito para a gente se isolar e, se você já tem tendência à solidão e à timidez, acaba por ser um processo natural.
Esse texto nasceu de mais uma das minhas angústias, aliás: a de não saber como me aproximar de outras pessoas. Acho que eu já falei sobre isso aqui, mesmo quando gosto de uma pessoa, tenho dificuldades em saber conviver, tenho sempre medo de estar invadindo a privacidade alheia ou incomodando com atenções indesejadas. Até para visitar minha tia que ganhou bebê, ou amigo que passou por uma cirurgia, eu consigo criar um drama mental: se fosse eu, gostaria de pessoas invadindo a minha casa enquanto eu estou com pijamas e dor? Provavelmente não. Então não vou. Mas pode ser que se eu não for eles achem que eu não me importo, e eu realmente me importo. Então eu vou. Só que eles podem estar recebendo muitas visitas e preferirem usar o tempo da minha para descansar. Então não vou. Mas pode ser que minha visita lhes dê prazer, assim como uma deles talvez me desse. Então eu vou. Horas e dias disso depois... visitei um, mas não o outro.
Peço desculpas pelo texto confuso, mas meu blog é meu psicólogo.
4 comentários:
Querida Mayara,realmente vivemos numa sociedade que "vende" um estereótipo de felicidade,de propagandas com pessoas bebendo e rindo, em festas calorosas na companhia de muitos amigos...Mas na realidade, o ritmo de vida moderno tem afastado muitas pessoas. E é bem como você disse, quando somos crianças e adolescentes,temos sempre mais oportunidades de estarmos mais juntos uns dos outros, mas quando crescemos e o ritmo da vida adulta se impõem,são tantas atividades e responsabilidades que mal temos tempo até pra nossa própria família! Mas a verdade é que somos seres sociais, e conforme a fase que estamos passando,vem aquela vontade de estarmos juntinhos dos nossos amigos e compartilharmos bons momentos. E mesmo isso sendo saudável, às vezes pode ficar confuso,pois ao mesmo tempo que queremos estar também com as outras pessoas, o cansaço e a nossa ansiedade sempre deixam tudo mais difícil...Mas olhe,amiga,não se cobre muito em relação à isto não...Sei de experiência própria,que tudo tem o seu tempo certo, e conforme a vida vai se desenrolando,sempre haverá oportunidades novas pela frente, e de acordo com o nosso amadurecimento, vamos encontrando o nosso caminho no mundo...Do jeitinho de cada um! Mas é bom a gente não embarcar na ansiedade exagerada, e tentar usar cada oportunidade que a vida nos dá pra fazermos novas amizades e encontrar o nosso lugarzinho nesta grande história. E eu daqui te peço perdão pelo comentário longo (Rs...) e desejo que você encontre,do seu jeitinho, e sem medo de ser feliz,um caminho de amizade,amor e muita paz no coração!
Beijo doce e abraço apertado pra ti,querida amiga!
Teresa
Eu sou bem assim, passo os finais de semana em casa. É difícil (quase inédito) eu me mexer e convidar alguém para sair. É que bate a preguiça tb, o comodismo. Bjs.
Sou o inverso amo sair e jogar conversa fora. O problema é que com as muitas mudanças sempre estou com os colegas de trabalho do marido/ou clientes dele, resultado: Não posso, nem devo ser eu. Se eu for Eu mesma, as pessoas nunca irão negociar com meu marido e minha filha será expulsa da escola...kk
Sou alguém um pouco fora dos padrões, que acredita em teletransporte e umas outras "verdades". Mas nos interiores do nosso Brasil (nas cidades onde andamos) a maioria das pessoas ainda acha que a esposa tem que "obedecer" um padrão.
Eu me liberto quando vou a Curitiba e reencontro meus amigos antigos, ou quando eles vem me visitar...rsrs
Adoro sentar em bar, numa mesinha na calçada beber cerveja e falar de tudo, menos de empregada, problemas de casa, do marido, de doença. Resumo quando saimos só com os homens fica tudo perfeito. Basta um levar a esposa que fica terrivel...kk
Perdão pelo post.
Abraços
Se eu tivesse lido esse post um tempo atrás, Mayara, talvez eu não a compreendesse como compreendo hoje. Depois de 3 anos morando sozinho, descobri um gosto maravilhoso em meu apartamento, meus filmes, séries, cobertores, livros! Hoje em dia saio de casa mais para cultivar algumas amizades fora do meu convívio profissional do que por vontade de beber e curtir!
Entendo sua preocupação com os outros e acho-a difícil de se encontrar atualmente. Mas lembre-se de que entre amigos íntimos, isso não existe! Seus amigos de verdade vão gostar de tê-la por perto mesmo quando estiverem vestindo pijamas, descabelados ou com dor. ;)
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