Desde que eu comecei a ler “A preceptora” da Annde Brontë estou com vontade vir aqui falar de educação. Não sei o que o pessoal que passa por aqui pensa do assunto, mas como minha graduação é na área, e eu trabalho hoje em uma universidade, creio que possa falar um pouquinho assunto sem falar muita bobagem. Eu sou do tipo que acredita realmente que ensinar é uma profissão de fé, e que é exige vocação. Que os salários são baixos, ninguém discorda, porém o que eu acho que exige mais da pessoas que se propõe a ensinar é fé na humanidade. Eu dei aulas por exatos dois meses, para nunca mais se tiver escolha, o que só me faz ter ainda mais respeito por aqueles que não se deixam abater e dão a cara a tapa todos os dias, tentando ensinar o impossível.
Apesar de querer acreditar no maravilhoso, muitas vezes eu me pego duvidando do futuro: a internet, as mudança de valores, a inversão de prioridades e mil outros fatores estão tornando a nova geração alienada e estúpida. Os programas de televisão são cada vez mais fáceis e comerciais, sob pena de não renderem por falta de quem os entenda, o uso “errado” da língua portuguesa passa a ser correto, simplesmente porque é muito difícil ensinar a norma culta, então, aceitemos que falem errado, o sonho dos pequenos, que antes era ser médico ou astronauta, hoje é jogar futebol: dinheiro fácil, mulheres e idolatria.
De vez em quando, uma luz aparece: eu vejo como o marido fica feliz quando tem um aluno bom e dedicado, porém, vejo também que isso é cada vez mais raro. Os jovens de hoje em dia parecem pensar que estudar é perda de tempo, pois todas as respostas parecem estar a 3 segundos de distância, ali no google. Às vezes penso que estão mesmo – mas que eles estão se tornando tão ignorantes, que não serão capazes de entender as perguntas.
A Agnes Grey fala logo no começo do livro que ela não deveria ter problemas para cuidar de crianças, pois ela própria ainda sabia o que estas valorizavam, e poderia sempre se colocar em seu lugar para tomar decisões. Acho que, no final, a culpa sobre eu não poder ensinar é só minha: se ao ensinar você precisa se achegar ao outro, se aproximar de suas experiências, essa é uma capacidade que nunca tive: sou péssima para demonstrar intimidade, e como sempre senti e pensei diferente da maioria, não fui próxima nem dos meus próprios colegas estudantes, sempre enfiada com a cara em algum livro.
3 comentários:
Interessante. Ensinar requer vocação, nisso vc está certa. Mas o professor só vai até um determinado ponto, o resto é com o aluno. E a minha conclusão é que toda profissão tem suas frustrações, o jeito é seguir em frente, pensando nos casos positivos. Se forem poucos, ainda serão alguns. Pelo menos é o que eu penso. E entre tantos milhares de alienados e emburrecidos, devem sobrar alguns que se sobressaem. Eu fico pensando nisso e penso que, se a história sempre se repete, não foi sempre assim? Não houve sempre uma horda de ignorantes e poucas mentes superiores, com a mínima capacidade de raciocínio? Penso que só mudou o meio com que se propaga a informação, o restante continua igual. E com a diferença de que, agora, todos têm a ilusão de serem iguais, perfeitos, informados.
Eu não pretendia escrever tanto. Sério.
Bjs.
Ah, Mayara! Eu tenho o maior respeito por professores, por que seria uma péssima professora, nem quando criança eu queria ser uma.
bjs
Jussara
Mayara, também atuei apenas por um mísero ano, e decidi que profesor é vocação. Não por culpa dos alunos, e sim dos pais que atualmente tem a idéia erronea que escola educa. Para a educação que tive, educação vem de berço - é responsabilidade dos pais - escola apenas transmite conhecimento. Hoje o Estado (governo) tem chamado cada vez mais a responsabildade pela "educação para si" o que é um erro. Precisamos educar os pais para aprenderem que se tiveram a pachorra de gerar filhos devem então educa-los custe o que custar, em casa e mandá-los para escola apenas para apreender conhecimento transmitido pelo professor.
Abraços
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