terça-feira, 28 de setembro de 2010

Andei pensando sobre como grande parte da minha vida se resume a esperar ônibus.


   
   Sentada, observava todos os ônibus que chegavam e saiam sem saber de sua ansiedade. Quieta, estava alheia a multidão animada. O coração batia descompassadamente, ora muito rápido com frio na barriga, com a certeza de que aquele era o tão esperado ônibus, ora quase parando de bater com medo de que ele tivesse mudado de ideia e não viesse.
    As horas passavam lentamente, e ela naquela doce tortura, esperando aquele ônibus como quem espera a felicidade eterna, que chegaria com hora marcada. Esperou, esperou, esperou durante horas e quando estava cansada de esperar se regojizou com a ideia de que quando ele chegasse toda a aflição iria embora e ela ficaria finalmente em paz. Foi quando, olhando para mais um dos vários onibus que vira chegar e sair sem trazer-lhe a alegria tão desejada, viu-o, parado, sorrindo.
    Andou até ele quase mecanicamente. Sentia as pernas tremerem. Mãos geladas, a voz sumiu. Os olhos dos dois se encontraram e ela ficou como que hipnotizada. Os braços dele a envolveram e todas as dúvidas desapareceram: naquele momento, era ela a pessoa mais feliz do mundo. O calor voltou ao seu corpo e aos poucos la foi relaxando.
    Estava tranquila e sorridente: estava com ele outra vez.

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