sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tenho pensado em flores mortas.



    Tenho pensado em flores mortas. Por que será que elas são tão recorrentes na literatura e na música? O que significa dar flores mortas a alguém?É exatamente o que vem me incomodando: devo ser algum tipo de recorde mundial em ganhar flores mortas, de ex-namorados, amores platônicos ou amigos de sangue.

    Acho que flores representam tudo o que há de delicado, bonito e prazeroso no mundo, mas ao mesmo tempo trazem implícita a ideia da efemeridade das coisas: de uma orquídea você cuida o ano todo para ver florir uma única vez. Talvez por isso essa obsessão com a morte delas: nos faz lembrar de como nós, seres humanos, podemos ser bonitos e frágeis.

    Flores mortas não perdem a sua beleza, ao contrário, ela possuem algo característico: mesmo perdendo pétalas e desfalecendo, ainda conseguem encerrar em si perfume, e se não guardam a cor original preservam um tom amarelado que pode nos fazer lembrar de coisas passadas, de ventos e chuva de outros lugares.

    Elas me confundem também, pois mostram que mesmo o que é puro, simples e belo pode ser maculado, por uma tesoura, ou pelo tempo....


“Trouxe flores mortas pra ti
Quero rasgar-te e ver o sangue manchar
Toda a pureza que vem do teu olhar
Eu não sei mais sentir”

(Legião Urbana – A Tempestade)

“Parece até que é bruxaria
Flores mortas que eu dei à você
Flores mortas sob todas as portas
Você sumiu e ninguém sabe o porquê”

(A Trilha – Flores Mortas)


“Tenho a memória de tudo que existe
Tudo que é triste e alegre ou não
Eu guardo as flores mortas na sala
Eu faço sala pro tempo”

(Zeca Baleiro – Amargo)



“Ela nunca pareceu
Do tipo que manda flores mortas
Paraíso que escolheu
Muito vivo, mas só por trás das portas”
( Skank – Ela desapareceu)

Um comentário:

Anônimo disse...

"...e dou-lhe lindas flores a morrer, pois o amor é infinito enquanto dura."